O presidente da torrefadora italiana illycafè, Andrea Illy, está no Brasil para participar de uma homenagem pelos 20 anos da empresa no País. Andrea é neto de Francesco Illy, que fundou a companhia em 1933, em Trieste, e hoje é o principal executivo da empresa.
Segundo ele, o atual cenário do café commodity - estoques mundiais baixos, produção brasileira menor por causa da bienalidade da cultura e preços em alta - tem enorme impacto no mercado de grãos especiais. A justificativa é que o mercado de café gourmet cresce mais do que o mercado de café commodity ano a ano, o que torna o nicho de grãos especiais muito mais dinâmico.
"O produtor está recebendo praticamente o dobro pela saca nesta safra, e está investindo em tecnologia para elevar a produtividade da lavoura e na qualidade dos grãos", disse o CEO da companhia, hoje, em São Paulo. Para acompanhar essa alta, a torrefadora já fez dois reajustes de preços e estuda um terceiro aumento. A torrefadora trabalha com cerca de 600 cafeicultores brasileiros, que seguem um manual de produção e fornecem um café de qualidade padronizado. Mas Andrea não revela o volume de café que a torrefadora compra dos produtores brasileiros.
Para ele, a especulação financeira no mercado de café tem levado a preços muito acima do que deveriam estar. "Uma remuneração boa para o produtor seria de 150, 160 centavos de dólar por libra-peso. Mas hoje, com o mercado distorcido, as cotações podem chegar a 200, 300 centavos de dólar por libra-peso", disse Andrea. Em 2009, a illycafè faturou 274 milhões de euros e, em 2010, embora o balanço oficial ainda esteja fechado, o faturamento estimado é de mais de 300 milhões de euros, segundo o executivo. "Abrimos novos mercados na Ásia e ampliamos nossa rede de clientes, principalmente hotéis", explicou o CEO.
No Brasil, além da distribuidora illycafè Sud America, em São Paulo, que abastece cerca de 600 clientes (hotéis, restaurantes e cafeterias), a companhia está testando no Shopping Cidade Jardim o formato expressamente illy de cafeteria. Anunciada em junho do ano passado, a distribuidora da companhia no Brasil garante 100% do abastecimento do café da marca no País e, no ano que vem, deve abastecer também o mercado sul-americano.
O blend de café expresso comercializado pela empresa é produzido com nove tipos de grãos; o grão brasileiro, que corresponde a 50% desse blend, confere aroma e corpo à bebida, de acordo com o executivo. O executivo falou ainda que a crise nuclear no Japão provocou incertezas na companhia. O lançamento do iperEspresso (dose de café em cápsulas) pode, segundo Andrea, ser adiado.
Amanhã, em São Paulo, Andrea Illy participa do seminário Criando valor a partir do conhecimento e da sustentabilidade, no auditório da FEA/USP, e da entrega do 20.º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso, que vai distribuir R$ 180 mil aos melhores produtores e classificadores do País.
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