Experiência agrícola brasileira no Sudão

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Por Redação
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A experiência brasileira de plantar algodão e soja no Sudão, iniciada no ano passado, está dando tão certo que o produtor rural Gilson Pinesso, responsável pela empreitada, vai ampliar a área cultivada em terras africanas este ano. No ano passado, num projeto-piloto, Pinesso plantou no Sudão 400 hectares de algodão e 100 hectares de soja. A meta para este ano é plantar mais 30 mil hectares: 20 mil hectares de algodão, 5 mil hectares de soja e outros 5 mil hectares de milho. "As condições no Sudão são muito parecidas com as do cerrado brasileiro, com a vantagem de que a terra de lá é muito mais fértil", disse Pinesso ao Estado, em Ribeirão Preto (SP), durante a Agrishow.

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Segundo o agricultor, a produtividade de algodão não ficou muito abaixo dos 3.600 quilos/hectare obtidos no Centro-Oeste brasileiro. Já o rendimento da lavoura de soja ainda é baixo em comparação à produtividade do Brasil: 1.800 quilos/hectare no Sudão contra 3.300 quilos/hectare em Mato Grosso. Mas, garantiu Pinesso, com tecnologia é possível elevar o rendimento da soja no Sudão. "Uma das maneiras de aumentar a produtividade é com a adoção de variedades de sementes melhoradas, já que os agricultores locais costumam cultivar sementes crioulas, pouco produtivas. Com tecnologia, o Sudão pode produzir 40 sacas de soja por hectare."

O pH neutro do solo sudanês dispensa a aplicação de calcário e magnésio. A baixa incidência de pragas e doenças também contribui para a redução do custo de produção. "Lá o algodão sofre com o ataque da lagarta da maçã, mas na lavoura de soja o ataque de pragas e doenças é nulo. Lá não tem ferrugem asiática."

O produtor contou que viajou ao Sudão a convite do governo sudanês, depois de uma visita do ministro da Agricultura daquele país ao Brasil. "Ele conheceu a tecnologia de produção brasileira e me convidou para levar nosso know-how para lá", disse Pinesso, que possui mais de 100 mil hectares de lavouras de soja, milho e algodão nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Piauí.

No Sudão, as terras pertencem ao governo e, por meio de concessões, Pinesso as utiliza para os plantios. O projeto inclui também o envio de máquinas e implementos agrícolas fabricados no Brasil. "A agricultura sudanesa é pouco tecnificada. Lá se planta sorgo, feijão, milho, gergelim, mas tudo para subsistência. Já foram mandadas umas 50 plantadoras nacionais para lá", contou o produtor, que tem entre os parceiros no projeto a fabricante de implementos e máquinas agrícolas Tatu Marchesan, de Matão (SP), a Implementos Agrícolas Jan, de Não-Me-Toque (RS), e a Jacto, de Pompeia (SP). O plantio, tanto do algodão como do milho e da soja, está previsto para meados de junho.

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Soja e milho começam a ser colhidos em outubro e algodão, a partir de dezembro, segundo Pinesso. E a meta para 2012 é levar mais produtores para lá. "É o momento do Brasil no Sudão e o País tem de aproveitar essa oportunidade. Queremos elevar a produção local de grãos e fibras com uma agricultura empresarial em larga escala." Para isso, disse o produtor, a oferta de linhas de crédito será fundamental.

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