Resgate de mudas no desmatamento legal

Entre vários estudos desenvolvidos por pesquisadores de São Paulo nos últimos 20 anos na área de restauração florestal, hoje existe, segundo o professor Sergius Gandolfi, do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (Lerf), da Esalq/USP, uma técnica denominada "transplante de mudas", que permite resgatar mudas de espécies florestais de áreas que serão legalmente desmatadas para a construção de infraestruturas públicas.

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Por Redação
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"Esse desmatamento legal é feito para a construção de novas estradas, como o Rodoanel, de hidrelétricas e ampliação ou duplicação de aeroportos, portos e ferrovias", explica Gandolfi. Por meio desta técnica, antes do desmatamento legal, coletam-se do chão da floresta as mudas, isto é, pequenas plântulas de 5 a 30 centímetros, com a raiz nua, sem o torrão de terra. No chão de 1 hectare, pode haver mais de 200 mil plântulas para coleta.

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Essas mudas são levadas ao viveiro, onde são acompanhadas por dois ou três meses e, depois, já podem ser plantadas em novas áreas que necessitam de restauração, segundo o professor. "Esse processo, além de reduzir o custo da muda e o custo final da restauração, preserva um importante material genético que seria perdido com o desmatamento da área."

Segundo Gandolfi, com as mudas recolhidas em 1 hectare de floresta a ser desmatada, pode-se recuperar aproximadamente 50 hectares. "Só com o desmatamento legal ocorrido em São Paulo nos últimos três anos, mais ou menos 150 mil hectares de floresta poderiam ter sido restaurados a menores custos. Para tanto, basta que o governo inclua a obrigação de resgate de plântulas no licenciamento ambiental de qualquer obra que leve ao desmatamento de novas áreas. Ficaria o licenciado (custo irrisório frente ao custo da obra) com o ônus de resgatar e repassar as mudas para os órgãos competentes."

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