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De Wall Street

Aumenta risco de rebaixamento do rating do Brasil, diz IIF

Para a instituição, formada pelos maiores bancos do mundo, tamanho do corte na meta fiscal surpreendeu

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Por ALTAMIRO JUNIOR
Atualização:

NOVA YORK - A mudança da meta fiscal aumentou o risco no curto prazo de o rating soberano do Brasil ser rebaixado e deixa o País mais próximo de perder o grau de investimento, avalia o Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo, com sede em Washington. O economista-chefe do departamento de América Latina do IIF, Ramón Aracena, se disse surpreso com a magnitude do corte na meta de superávit primário, que para 2015 baixou de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 0,15%, além de revisões para baixo em 2016 e 2017. "A redução foi acima das nossas expectativas", disse ele.

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Após as mudanças nos números, o economista do IIF avalia que "provavelmente" o Brasil deve ter o rating rebaixado, mas ainda não deve perder agora a classificação do grau de investimento. Na Fitch e na Moody's, a nota brasileira está dois níveis acima desta classificação, portanto, um rebaixamento em um nível ainda manteria o Brasil neste patamar. "Mas vejo que estamos chegando perto deste momento (de perder o grau de investimento)", disse.

O ajuste nas metas sinaliza que a relação entre a dívida do governo e o PIB deve continuar subindo nos próximos dois anos, destaca Aracena - a relação dívida/PIB é um dos indicadores que as agências de classificação de risco observam de perto. Por isso, ele não vê mais espaço para novos ajustes nas metas daqui para frente e avalia que o governo tem que se empenhar para bater estes números. "Uma nova mudança (nas metas) terá repercussões ainda piores para a confiança dos agentes."

Outro fator que não ajuda a avaliação das agências de classificação de risco é que a crise política exacerbou a tendência declinante da economia brasileira. O IIF projeta contração de 2% no PIB este ano e crescimento zero em 2016.

Para o economista, nesse cenário de atividade enfraquecida, a meta original fixada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, era basicamente inatingível. Além da recessão, que compromete as receitas do governo, Aracena destaca que a turbulência política no Congresso deixava o ajuste ainda mais difícil. "Estávamos esperando um ajuste na meta, mas fiquei surpreso pela magnitude", afirmou.

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Quando a meta de 1,1% foi fixada, Aracena avalia que o ambiente político em Brasília era menos turbulento. Com o escândalo de corrupção da Petrobras e as investigações da Operação Lava Jato atingindo cada vez mais políticos importantes em Brasília, ficou mais difícil o governo dar continuidade ao ajuste. Apesar da surpresa com o tamanho do corte, ele ressalta que, quanto mais rápido a mudança da meta, melhor, pois, além de mostrar transparência, ajuda a ancorar as expectativas dos agentes mais rapidamente.

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