Décadas atrás, na época em que as fontes luminosas construídas nas praças centrais faziam a diferença para se avaliar o progresso da cidade, foram poucos os municípios, de sul a norte do país, que não investiram parte do orçamento na construção de uma fonte luminosa, se possível maior do que a da cidade vizinha.
Foi assim que o prefeito de uma certa cidade, perdida no enorme território brasileiro, concluiu que a melhor maneira de marcar sua gestão seria dar ao município uma esplendorosa fonte luminosa.
Ele chamou os engenheiros, encomendou o projeto. Com o projeto pronto, reuniu a Câmara Municipal e, diante dos vereadores abismados, abriu o desenho do projeto da fonte luminosa a ser erguida na praça da matriz, bem no coração da cidade.
Encerrada a votação por aclamação, as obras rapidamente tiveram início, mas, quando a fonte ficou pronta, veio a decepção. Ela não jorrava água para ser iluminada pelas luzes coloridas instaladas dentro do tanque.
O prefeito chamou seus técnicos e foi para a Câmara Municipal discutir com os vereadores as soluções possíveis para resolver o problema. A conclusão foi que o melhor seria chamar um professor de engenharia especializado no assunto. E foi feito.
O professor chegou, analisou o quadro, fez algumas medições e apresentou seu relatório. A fonte não jorrava por causa da lei da gravidade.
Quando o prefeito soube a causa, foi taxativo: "Revoguem a lei da gravidade." A Câmara se reuniu e consternada descobriu que a lei não era municipal e, portanto, não poderia ser revogada. Também não era uma lei estadual, então não adiantava falar com o governador. Foi aí que o prefeito decidiu: "Vamos deixar pra lá. Se não é lei municipal, nem estadual, só pode ser federal e aí é coisa dos milicos! É melhor não mexer com eles...".