Wal Flor
27 de janeiro de 2021 | 13h17
À luz de discussões sobre volta às aulas e do Dia Internacional da Educação, já é sabido que os prejuízos educacionais provocados pela pandemia serão incalculáveis. Segundo a chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Henrietta Fore, “Há provas contundentes do impacto do fechamento de escolas sobre as crianças e adolescentes”.
A desigualdade de oportunidades será tragicamente ampliada, atingindo a saúde, a empregabilidade e a expectativa de vida dessa geração. António Guterres, secretário geral da ONU, confirma que esta é uma catástrofe geracional e que todos nós pagaremos o preço. Diante desse cenário, a questão não é se as aulas devem ser presenciais mesmo com o agravamento da pandemia. A pergunta correta é:
Quando as escolas devem fechar?
“Após mais de 10 meses de conhecimento científico acumulado e da experiência de muitos países, há indícios crescentes de que as escolas não são os motores da pandemia”, completa Fore. Para Renato Kfouri, pediatra e presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, é um equívoco condicionar a volta às aulas à vacinação em crianças. A imensa maioria dos alunos adoeceu pouco e sem gravidade.
Neste sentido, é hora da sociedade brasileira parar de negligenciar as suas milhões de crianças e adolescentes e contribuir com uma educação pública de qualidade, como prioridade absoluta, como está previsto nos termos da constituição.
E por que as empresas devem participar?
Ampliar a educação é transformar economias, o que traz uma série de benefícios para as corporações. Educação é essencial! E empresas e marcas devem se engajar com causas essenciais. Nenhum esforço deve ser poupado para manter as escolas abertas nesse segundo ano da pandemia. Segundo Guterres: “…é necessário fortalecer a cooperação educacional a nível mundial e desenvolver competências e conhecimentos necessários para esse mundo cada vez mais veloz”.
Como se envolver com a causa da educação pública?
Agora, mais do que nunca, as organizações podem e devem contribuir com intervenções integradas, estruturadas e enérgicas para garantir que as escolas ofereçam um espaço seguro para alunos e professores. A articulação com governos municipais, estaduais e ONGs especializadas em educação é fundamental para construir planos com compromissos e metas de longo prazo, visando despertar e manter o desejo de aprender dos alunos.
Para empresas que não vivem sem um indicador, é importante avaliar as intervenções por meio de índices nacionais como IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização). Sem dúvida, esses são excelentes mecanismos para avaliar a evolução de iniciativas educacionais brasileiras nos últimos dez anos, seja nas escolas municipais ou estaduais da rede pública.
Diante do cenário atual e das de diversas mazelas da educação pública brasileira, aqui estão três grandes desafios em que as empresas podem se engajar regionalmente:
Nos próximos artigos, contarei sobre as experiências significativas de empresas que estão contribuindo para apoiar a educação pública de forma menos assistencialista e mais transformadora.
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