Wal Flor
20 de julho de 2021 | 09h20
Em tempos de fervor com as siglas ESG (Environmental, Social & Governance), as empresas exaltam suas iniciativas e pactos ligados à equidade de gênero e raça. Além disso, implantam metas de zero de carbono, zero resíduos, proteção da biodiversidade entre tantas outras iniciativas para atrair investidores e consumidores sensíveis às causas socioambientais.
A pergunta que ronda a mente de muita gente é: se todas as marcas se dizem sustentáveis, então quem está prejudicando o planeta? A verdade é que identificar e avaliar os impactos negativos das empresas na sociedade e no meio ambiente, não é algo tão simples e trivial para a população em geral. Conscientização e educação constante são fatores fundamentais.
Para compartilhar algumas orientações práticas, esta semana entrevistei Fábio Alperowitch, especialista em ESG e fundador da FAMA, responsável por investimentos sustentáveis. Juntos, chegamos a conclusão que uma simples ida ao supermercado é uma excelente oportunidade para refletir como as marcas que você consome, de forma recorrente, estão lidando com os desafios do planeta. Para começar, é necessário avaliar 3 princípios:
O especialista confirma que a tarefa não é fácil e exige muita atenção. É um exercício diário de reflexão. O supermercado pode ser um bom experimento, pois como o cidadão vai com frequência, tem a oportunidade de pesquisar a marca comprada e checar se merece seu dinheiro na próxima ida ao supermercado. “Você pode se surpreender ao descobrir que o greenwashing (lavagem verde, na tradução literal), muitas vezes é apenas a ponta do iceberg”, complementa Alperovitch.
Para entender um pouco mais sobre a complexidade do impacto negativo dos produtos no nosso planeta, o especialista recomenda o filme ‘Dark Waters‘. No longa-metragem dirigido por Todd Haynes, você vai descobrir inimigos ocultos que residem em sua panela teflon. Outra dica fica por conta do documentário ‘Seaspiracy‘, onde o cineasta Ali Tabrizi, além de desvendar os segredos da indústria pesqueira, aponta a verdade sobre os selos de proteção marinha que aparecem nas embalagens de atum enlatado. Tabrizi vai lhe mostrar que o problema mais relevante do plástico no oceano não são os canudos ou embalagens, apesar de também serem gravíssimos. Como diria Al Gore, estas são verdades inconvenientes.
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