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Opinião|ESG: você está preparado?

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Atualização:

Para combater a crise de opioides nos EUA, a Legg Mason Inc.,recentemente adquirida pela Franklin Resources Inc., influenciou a seguradora de saúde americana United Health a identificar quais médicos mais receitavam analgésicos a base de opioides. A Legg Mason é uma das seis maiores empresas gerenciadoras de ativos do mundo. Vale ressaltar que a crise de opioides nos Estados Unidos é considerada uma epidemia e mata mais de 70 mil pessoas por ano. A partir daí, a pressão da Legg Mason foi para que os próprios médicos desenvolvessem soluções alternativas. Depois de um período de investimentos em pesquisas e desenvolvimento, foram descobertas - em seus próprios portfólios - soluções não viciantes que passaram a ser receitadas pelos médicos. Em outra situação, ainda envolvendo o alto consumo de medicação nos EUA, os investidores influenciaram a rede de varejo farmacêutica CVS a criar uma lista pública nacional para controlar a venda de remédios. Assim, o paciente compra somente a dosagem e quantidades prescritas e evita o uso indevido. Em mais um caso envolvendo o setor de e-commerce, os investidores começaram a questionar a matriz energética do transporte de mercadorias da gigante Amazon. Não por acaso, recentemente a empresa estabeleceu compromissos de obter 100% de energia renovável até 2020 e ser carbono zero até 2040. Esses são casos onde os parâmetros de ESG (Environmental, Social, Governance, ou em português Meio Ambiente, Social e Governança) são levados a sério pelo mercado investidor. O fluxo do dinheiro comandado pelos grandes gestores de recursos, como a líder Black Rock e a ClearBridge, tem sido decisivo para acelerar mudanças. As companhias que compõem o portfólio destes gestores estão sendo cada vez mais pressionadas a mudarem seu comportamento e serem mais transparentes em seu impacto, uma vez que isto pode alterar o valor da companhia no longo prazo. "Quando você fala de investimento fora do país, se você for um acionista relevante, você tem uma influência sobre o Conselho de Administração e sobre o corpo executivo desta companhia e a partir daí pode pressionar para um rumo mais sustentável", explica Roberto Teperman, responsável pela Legg Mason no Brasil. "Se inspirar no que estas empresas nórdicas, europeias e algumas americanas estão fazendo é o melhor conselho que  posso dar para as empresas brasileiras." Com 2 filhos sendo educados numa escola progressista, uma esposa consciente e atuante na causa da sustentabilidade, Roberto teve seus hábitos mudados radicalmente nos últimos 15 anos. De fato, os parâmetros de ESG tem sido uma das formas mais eficientes para educar as companhias. Uma vez que o fluxo de dinheiro vem destes acionistas mais conscientes e exigentes com a perenidade do negócio, nada melhor para mudar rapidamente o comportamento das empresas, principalmente de capital aberto. Entretanto, como os acionistas e fundos de investimento sabem se a empresa está atendendo aos princípios do ESG? Leitura de relatórios de sustentabilidade, entrevistas com executivos, visita às unidades da empresa são algumas das práticas atuais. Através de uma análise fundamentada em dados e evidências, alguns desses gestores desenvolvem metodologias próprias. A Legg Mason, por exemplo, desenvolveu uma metodologia autoral composta por sete dimensões, que há mais de 13 anos vem sido aplicada e aprimorada. Entre as diversas perguntas que compõe a sua avaliação, destacam-se: Como é a cadeia produtiva do produto? De onde vem a matéria-prima? A legislação tem criado incentivos ou restrições para o negócio? Como é tratado o capital humano, seus trabalhadores e a cadeia de valor? Qual é o investimento alocado para soluções sustentáveis? O bônus dos executivos estão relacionados às questões ESG? A empresa lidera o tema ESG no setor? Como a organização mede e reporta a abordagem ESG? Chamar de fundo ESG, um portifólio composto de empresas de tecnologia, com apenas uma mulher no conselho, por exemplo, é considerado greenwashpelos especialistas. Qual é o consumo de energia? De onde vem a energia? Como são tratados os dados? Qual é a diversidade na liderança executiva e no conselho? Dependendo dessa e outras respostas, a empresa pode e deve ser desqualificada para um fundo com abordagem ESG. Segundo Sir.Ronald Cohen, Presidente do Conselho do Global Steering Group for Impact Investment e um dos membros do conselho da Harvard Business School, empresas como Exxon Mobil provocamUS$ 38 bilhões por ano em danos ambientaisea Shell, US$ 22 bilhões. Esses são números que todos deveríamos avaliar para saber o valor real do lucro dessas organizações. Medir o impacto e ser transparente na divulgação dessas informações são alguns dos grandes desafios do capitalismo de stakeholder. A Agência Lynx assessora empresas seguindo a metodologia do SER, AGIR e FALAR. Muitas vezes, somos chamados apenas para contribuir como o "Falar", ou seja, com a comunicação do famoso "storytelling" das empresas. Entretanto, uma comunicação sem estratégia, sem compromissos, sem indicadores, sem metas e sem monitoramento de práticas estruturantes não para em pé por muito tempo. Será apenas um voo de galinha, com desperdício de dinheiro. Além disso, terá grandes chances de provocar uma reação negativa por parte de seus investidores e especialistas. Portanto, quando você pensar em ESG vale refletir: você está preparado para SER e AGIR, antes de FALAR? Por Wal Flor, sócia-fundadora da Lynx e LeVila.

Opinião por Wal Flor
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