Wal Flor
27 de abril de 2022 | 16h04
Hoje, quando as empresas fabricam seus produtos, o custo extra pelo carbono ou impactos sociais envolvidos na cadeia de valor, não estão embutidos no preço final, mesmo que essas questões imponham um custo muito real à sociedade e ao meio ambiente.
Se as pessoas tivessem que pagar pelo carbono de um produto, por exemplo, isso levaria a um fenômeno conhecido como greenflation (livremente traduzido como inflação verde). E provavelmente o custo final do produto seria mais caro. Mas a ideia não é punir as pessoas, e sim criar um incentivo para que os líderes idealizem alternativas mais competitivas, promovendo uma economia de baixo carbono.
Não há como negar que a tecnologia, e o governo, por meio de regulações, desempenham um grande papel neste desafio, como uma solução em potencial. Mas será suficiente? Temos toda a tecnologia de que precisamos ou precisamos de mais inovações?
Foi sobre isso que falei no SXSW de 2022, o maior festival de inovação e criatividade do planeta, na trilha temática de Mudanças Climáticas.
ESG. Prontos para pagar a conta?
Já é sabido que toda atividade econômica tem um impacto positivo e negativo na sociedade e no meio ambiente. Alguns setores têm mais pontos negativos do que outros, como petróleo, gás, tabaco, indústria de alimentos e bebidas. E alguns menos negativos, como as empresas de tecnologia em saúde ou saúde, também conhecidas como Medtech e EdTech.
Independente do tamanho ou do setor, para avaliar o seu impacto, as organizações devem medir e adotar soluções para mitigar sua pegada social e ambiental em parceria com diferentes stakeholders.
ESG: Coerência, Relevância e Compromissos são essenciais para identificar greenwash
Ter uma estratégia alinhada às necessidades do negócio e da sociedade, transformando os impactos em causas socioambientais, de forma mais positiva, é o que na Flow.Ers, agência de marketing de causa, da qual tenho orgulho de ser fundadora, chamamos de SER.
Materializar a estratégia por meio de programas que mitigam o impacto negativo e potencializam o impacto positivo, por meio da criação, monitoramento e avaliação das iniciativas, é chamado por aqui de AGIR.
Comunicar suas iniciativas e engajar diferentes stakeholders nas suas causas é o nosso terceiro pilar de atuação junto às organizações: FALAR.
Neste contexto, ainda existem muitas perguntas sem respostas. Como, por exemplo, se o movimento do ESG será inflacionário ou deflacionário? Se pensarmos que os preços vão ficar mais caros, qual parcela da população terá condições de adquirir os produtos mais sustentáveis?
Independente das respostas, a recomendação é sempre SER e AGIR, antes de FALAR. Assim os riscos reputacionais de uma marca estarão gerenciados, evitando o greenwashing (maquiagem verde).
No próximo post comentarei mais sobre marcas que já estão calculando seus impactos de carbono, e os deixando mais transparentes, por meio da “etiqueta de carbono”.
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