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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Dizimação e outras coisas

Cinco comentários curtos sobre cinco assuntos econômicos desta quinta-feira:

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Atualização:

Castigo. A dizimação (decimatio) foi o mais brutal castigo imposto aos soldados romanos que se amotinavam ou se mostravam covardes na luta. Um entre dez (daí "dizimação") era sorteado, não importando patente ou grau de influência, para ser açoitado ou apedrejado até a morte pelos outros nove.

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Pois uma operação de dizimação está sendo imposta pelo mercado às ações da Eletrobrás. Apenas em novembro, as ações preferenciais caíram nada menos que 44,75%. A razão desse castigo foi a aceitação sem maiores questionamentos pela diretoria da empresa das novas regras de renovação de concessões determinadas pelo governo Dilma, consideradas predatórias pelos acionistas minoritários.

Desemprego. Confirma-se uma situação de pleno emprego no Brasil, numa conjuntura de baixo crescimento econômico (evolução do PIB em torno de 1,5% em 2012).

 Foto: Estadão

Caso seja de fato verdade que, em 2013, o setor produtivo brasileiro crescerá entre 4,0% e 4,5% - como aposta o ministro da Fazenda, Guido Mantega - para que níveis cairá o desemprego e para quais patamares subirá o custo da mão de obra?

Ai, ai, ai, Argentina. Nesta quinta-feira, o juiz distrital de Nova York, Thomas Griesa, condenou o governo da Argentina, presidido por Cristina Kirchner, a pagar, até o dia 15 de dezembro,US$ 1,3 bilhão a dois fundos de investimento que se recusaram a aceitar os termos da reestruturação (calote parcial) da dívida do país, em 2001. A defesa da Argentina vinha argumentando que esses são fundos "abutres", cujo objetivo é especular com ativos desse tipo e que, portanto, não têm de ser pagos. Se até dia 15 de dezembro a Argentina continuar se recusando a cumprir a sentença, outros pagamentos de dívida do país estarão sujeitos a bloqueio nos Estados Unidos, para dar atendimento prioritário a esses credores. Há apenas sete semanas, o barco-escola argentino Libertad foi apreendido no porto de Tema, em Gana, na África, também para garantir o pagamento desse tipo de dívida.

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A Argentina não perdeu somente o crédito externo em consequência do calote. Tornou-se pária do mercado financeiro global, numa circunstância de abundância nunca vista de capitais - que não vem podendo aproveitar. O agravamento atual das contas externas e a fuga de dólares colaboram para acentuar a fragilidade do governo argentino. Isso sugere que corre mais riscos de perder ações desse tipo nas cortes internacionais.

Forte e firme. Apesar do desempenho medíocre da economia, a entrada de Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) no Brasil mantém-se acima do rombo externo (déficit em Conta Corrente).

 Foto: Estadão

Isso significa que (1) o mercado brasileiro ainda é atraente para os investidores internacionais; e que (2) o déficit externo segue coberto com folga pela entrada de capitais de longo prazo.

IPCA-15. Embora o mercado financeiro projete para todo este ano uma inflação abaixo de 5,5%, os dados do IPCA-15 de novembro sugerem uma inflação mais alta, provavelmente mais perto dos 5,7%. O IPCA-15 no período de 12 meses terminado em 15 de novembro apontou uma inflação de 5,64%.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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