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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|A salvação da lavoura

No ano passado, com uma participação de apenas 5,7% na economia brasileira, a agropecuária sozinha foi responsável pela obtenção de 1,1 ponto porcentual nos 2,3 pontos de crescimento do PIB.

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Atualização:

No dia 10 de fevereiro, em solenidade realizada em Lucas do Rio Verde (MT), a presidente Dilma reconheceu o excelente desempenho do agronegócio. Ela se referiu à "produtividade na veia" injetada na economia, graças ao aumento de 221% da produção de grãos em 20 anos com aumento da área plantada no mesmo período de apenas 41%.

 Foto: Estadão

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Convém ter claras as diferenças entre conceitos. Agropecuária (como avalia o IBGE), agronegócio ou produção de grãos, por exemplo, não são rigorosamente a mesma coisa. Independentemente disso, a observação da presidente Dilma está correta. Apesar de tudo e contra tanta coisa, a agropecuária está dando show de produção e de produtividade, contribuindo decisivamente para o resultado da atividade econômica do País.

O setor soube aproveitar o salto de integração de camadas crescentes da população mundial ao mercado de consumo. Apenas na Ásia foram cerca de 30 milhões por ano ao longo dos últimos 15 anos. Foi o que aumentou substancialmente a demanda por alimentos, matérias-primas e energia, especialmente pela China. A agricultura brasileira surfou essa onda, faturou mais, mecanizou-se e passou a operar com tecnologia de ponta. Daí os resultados.

O governo brasileiro pouco contribuiu para isso. Ao contrário, mais atrapalhou do que ajudou. Basta levar em conta as dramáticas deficiências de transportes e rede de armazenamento e a desarticulação provocada no setor de açúcar e álcool pela desastrosa política de combustíveis adotada pelo governo Dilma.

Do ponto de vista macroeconômico, a forte contribuição do setor agropecuário aponta para nova vulnerabilidade. Não é possível sustentar esse desempenho para sempre, porque a agricultura enfrenta variáveis de difícil controle, como condições climáticas e, especialmente, preços internacionais, sempre sujeitos a volatilidades. Em 2012, por exemplo, o PIB da agropecuária caiu 2,1% (veja o gráfico).

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Como a expansão do setor de serviços tende a se desacelerar e a indústria é de recuperação mais difícil, eventuais períodos de espigas chochas podem produzir fortes estragos no desempenho do PIB.

Essa é a principal razão pela qual novos ganhos de produtividade a serem obtidos com investimentos em transportes e maior emprego de tecnologia podem fazer a diferença.

Não dá para dizer que o governo esteja atento a essas novas demandas da política econômica. O xodó das administrações Lula e Dilma foram e continuam sendo as montadoras de veículos, que conseguem arrancar proteção alfandegária e reservas de mercado desta república sindicalista. E a tendência é de que a percepção corrente em Brasília é que a agricultura não precisa de cuidados porque se defende sozinha.

CONFIRA:

 Foto: Estadão

 

Aí está a evolução do superávit primário (sobra de recursos para pagamento da dívida) em 12 meses, comparado com o tamanho do PIB.

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Promessa de pinguço. Apesar das juras e promessas de que largaria a bebida, o alcoólatra continua tomando o rumo do botequim. Os primeiros resultados do ano (janeiro) das contas públicas foram decepcionantes. Embora negada pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, a suspeita é a de que o governo tenha empurrado para janeiro pagamentos que caberiam em dezembro apenas para mostrar resultados em 2013.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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