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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Caixa baixa

O desempenho insatisfatório da arrecadação em abril é só o início de uma provável fieira de desempenhos igualmente insatisfatórios que se anteveem para 2014.

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Atualização:

Como nesta segunda-feira mostrou a Receita Federal, a arrecadação do governo federal teve crescimento real (descontada a inflação) em abril de apenas 0,93%, sobre a arrecadação de março, e de 1,78%, no primeiro quadrimestre do ano sobre igual período de 2013.

 Foto: Estadão

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É bem menos do que o avanço de 3,0% e 3,5% com que conta o governo para este ano e é fator que coloca em risco a meta do superávit primário de 1,9% do PIB com que está comprometido o governo Dilma.

Esse comportamento é reflexo da atividade econômica fraca nos quatro primeiros meses do ano e da queda do nível de confiança na política econômica do governo Dilma, como demonstram levantamentos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Não se pode desprezar o impacto da atual política de desonerações tributárias, que veio supostamente para melhorar o desempenho da economia, mas que tende a acentuar a quebra de arrecadação num ambiente de paradeira. A Receita Federal admitiu nesta segunda que, só nos quatro primeiros meses do ano, a renúncia fiscal alcançou R$ 35 bilhões, 8,7% da arrecadação do quadrimestre, e R$ 12,6 bilhões mais alta do que no período de janeiro a abril de 2013.

Esse quadro tende a continuar (ou mesmo a piorar) nos próximos meses. A Copa do Mundo deve derrubar ainda mais o movimento do comércio e da produção nos dois próximos meses, como dirigentes do comércio e da indústria vêm advertindo, e esse enfraquecimento aparecerá na arrecadação de tributos.

Em seguida, o País entrará em clima eleitoral, o que deve segurar ainda mais o investimento e induzir os agentes financeiros a posições mais conservadoras, de adiamento das decisões de compra, à espera de eventuais mudanças de rumo na política econômica e na distribuição das contas da economia, hoje adiada.

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Também o consumo começa a enfrentar fase de contemporização. Os programas anteriores do governo, de incentivo à aquisição de veículos e de aparelhos domésticos, provocaram a antecipação das compras. É a principal explicação para a queda das vendas que hoje aflige não só esses dois setores, mas outros segmentos do varejo, porque implicou comprometimento do orçamento doméstico com o pagamento de prestações.

Também é consequência disso a desaceleração do crédito que tem a ver com significativa redução da capacidade de endividamento dos consumidores e aumento da inadimplência. Não dá para ignorar, além disso, o estrago sobre o poder aquisitivo e sobre a capacidade de arrecadar do setor público provocado pela inflação, que deverá acusar em junho o estouro do teto da meta de 6,5% ao ano.

Esse quadro deteriora a percepção que o consumidor e o empresário têm da economia e da política econômica, por mais que as autoridades digam o contrário. Falta saber o quanto esse mau astral poderá influenciar as próximas eleições.

CONFIRA:

 Foto: Estadão

Acima, o comportamento da arrecadação federal sob outro corte.

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Buraco

Depois de apontar superávits nas últimas quatro semanas, a Balança Comercial (exportações menos importações) apontou para um rombo de R$ 1,1 bilhão na terceira semana de abril. Esse aumento do déficit aconteceu tanto por redução das exportações quanto por aumento das importações. Não há nenhum elemento para concluir que esse déficit alto na quarta semana de maio persista nas semanas seguintes.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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