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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Continua ruim

A economia dos países ricos continua naufragando e isso mostra que não há indicação segura de que a crise financeira de 2008 esteja sendo superada.

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Atualização:

Nesse último fim de semana, depois de manifestações de milhões de jovens e adultos nas praças da Espanha, convocados pela internet para protestar contra as condições econômicas do país, o Partido Socialista Operário Espanhol, liderado pelo primeiro-ministro José Luis Rodriguez Zapatero, sofreu a maior derrota eleitoral dos últimos 20 anos.

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Nesta segunda-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou a perspectiva da dívida da Itália de estável para negativa. Ou seja, advertiu que a qualidade dos títulos do Tesouro italiano está sob a iminência de rebaixamento. É a consequência de uma prolongada estagnação e do enfraquecimento político do governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi. A deterioração da saúde econômica do país tende a empurrar mais um I para dentro da sigla maldita PIG (Portugal, Irlanda e Grécia).

Nesta segunda mesmo, outra agência de classificação de risco, a Fitch, avisou que a dívida da Bélgica também está sendo colocada em perspectiva negativa, para próximo rebaixamento.

No mais, a Grécia, que, em 2010, só se manteve à tona d'água porque recebeu um balão de oxigênio de 110 bilhões de euros, ainda não decretou o calote mesmo depois de o Conselho dos Ministros de Finanças da Área do Euro (Ecofin) reconhecer que alguma reestruturação da dívida passou a ser inevitável. Na semana passada, o primeiro-ministro da Grécia, Georges Papandreou, recusou qualquer passo no sentido do calote, pois sabe que essa é uma medida que fecharia as portas do mercado financeiro por anos e anos. Também nesta segunda-feira, o governo de Atenas foi constrangido a divulgar um déficit orçamentário maior do que o projetado.

Portugal e Irlanda são o que já se sabe. Nesta segunda, tomaram corpo as informações de que a Comissão Europeia autorizará a primeira emissão de dívida do bloco do euro com base nas regras do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, visando a financiar a ajuda a Portugal e Irlanda.

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No mais, a economia americana segue prostrada. A atividade econômica até que mostra algum alento e poderá crescer pouco acima de 2,5% neste ano. Seu preço é alto: juros básicos ao redor de zero há mais de dois anos e uma injeção de moeda emitida do nada que ascende a US$ 1,9 trilhão. Mas o desemprego se mantém ao redor dos 9% e o déficit orçamentário não cede. O governo Obama está batalhando para arrancar do Congresso a autorização para que a dívida pública americana possa saltar para além dos US$ 14,3 bilhões.

Tudo se passa como se a enorme operação de expansão dos gastos públicos por parte dos governos dos países industrializados esteja socializando as perdas do setor privado e adiando inexoravelmente a recuperação.

Por enquanto, o principal foco das autoridades do G-8 continua sendo circunscrever a epidemia. Mas os resultados seguem fracos e incertos. Às vezes parecem recomendar a transferência de boa parte da conta da crise para os credores. Mas, quando parecem dispostos a aceitar esse desfecho, voltam atrás, por temerem uma quebra em cadeia dos grandes bancos.

Chuva demais. O leitor Jair Freire (assim.soja@gmail.com) adverte que outro fator importante está puxando os preços das commodities agrícolas. É o grande atraso no plantio das safras de verão no Hemisfério Norte, em consequência das fortes chuvas desta primavera. É um fator que, além de reduzir a área de plantio do milho, deverá reduzir a produtividade.

Realismo no JBS. Pergunta do leitor Aloysio Quintão Bello de Oliveira (aloysiobello@uol.com.br): "O BNDES injeta outros R$ 3,48 bilhões no JBS. Seu presidente, Luciano Coutinho, exige meta "realista" da Petrobrás. Está ele cobrando "realismo" também do JBS?

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Barcelona. A revista 'The Economist' desta semana traça um perfil do Barcelona. Na temporada 2009/10, o clube espanhol teve receitas de US$ 488 milhões, o dobro de quatro anos atrás. Em 2010, assinou um contrato mínimo de US$ 231 milhões com a Qatar Foundation. É o primeiro patrocínio na camisa em 111 anos de história.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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