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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|É assim que é

Entre 2005 e 2013, o crescimento médio da renda familiar do brasileiro, já descontada a inflação (renda real), alcançou 36,1%. Esse avanço explica muita coisa, como o forte crescimento do consumo; ajuda a explicar a novidade da faixa dos nem-nem

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Atualização:

O melhor cadastro do brasileiro é levantado anualmente pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Mostra, ano a ano, como a população está evoluindo, para melhor ou para pior. É uma peça que traz revelações econômicas e sociais importantes sobre as quais os especialistas vão agora se debruçar para avaliações de todas as tendências. A Pnad de 2013, divulgada nesta quinta-feira, alcançou 149 mil domicílios e entrevistou 363 mil pessoas. Confira algumas conclusões.

Entre 2005 e 2013, o crescimento médio da renda familiar do brasileiro, já descontada a inflação (renda real), alcançou 36,1%. Só no ano passado, foi de 4,0%. É um avanço expressivo que explica muita coisa, como o forte crescimento do consumo; ajuda a explicar a novidade da faixa dos nem-nem, a população que nem trabalha nem estuda, porque a família acaba sustentando-a. Essa renda é também o fator que levou ao maior acesso a aparelhos domésticos de todos os tipos, que, por sua vez, alavancam o jeito de lidar com tanta coisa na vida, como a seguir se verá.

 Foto: Estadão

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Em 2013, o emprego formal (com carteira de trabalho assinada) abrangia 76,1% da população, 3,6% a mais do que no ano anterior. Mas os que trabalhavam na informalidade tiveram ganhos de rendimento reais maiores: no ano passado, o avanço foi de 10,2%.

Essa peculiaridade também deve ter ajudado a reduzir o desemprego: a viração e os trabalhos por conta própria, permanentes ou eventuais, cuja remuneração não está sujeita a descontos e a impostos, parecem imediatamente mais vantajosos, principalmente para a população de mais baixa renda, e reduzem o segmento dos que procuram emprego. Por falar nisso, a Pnad também apontou o desemprego real, da ordem de 6,5%, e não os 4,3% (em dezembro de 2013) que apareceram nas estatísticas mensais que medem a desocupação. Estas alcançam apenas seis regiões metropolitanas, e não o Brasil inteiro, como a Pnad.

Definitivamente, o brasileiro está plugado ao mundo. Nada menos que 93,3% dos domicílios têm pelo menos uma pessoa pilotando um telefone fixo ou celular. E vejam o salto: De 2001 a 2013, o porcentual de domicílios que contam com microcomputador com acesso à internet foi de 8,5% para 43,7%. No mesmo período, os domicílios com TV aumentaram de 89,0% para 97,5% e os com refrigerador, de 85,1% para 97,7%.

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Esses dados apontam para consequências importantes, para o bem e para o mal. Por exemplo, com mais geladeiras, as perdas com alimentos tendem a diminuir. E com esse maior acesso à internet, a população tende a ligar-se mais por meio das redes sociais e ganha enorme capacidade de mobilização.

Mais equipamentos elétricos em casa, por sua vez, implicam cada vez maior dependência da energia elétrica, num momento em que o setor enfrenta incertezas quanto ao suprimento futuro.

A situação educacional evolui, mas bem mais devagar do que se esperava e do que é preciso. Há menos gente com ensino fundamental incompleto, mas aumentaram os segmentos dos sem instrução. Essa é uma indicação de maior dificuldade para melhorar a produtividade da mão de obra no Brasil.

CONFIRA:

 Foto: Estadão

No gráfico, como estão equipados os domicílios no Brasil.

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Em casa própria São minoria as famílias que vivem em casa alugada. No ano passado, 74,5% dos brasileiros viviam em casa própria. Apenas 17,9% pagavam aluguel, outros 7,2% estavam em casa cedida (moravam com a sogra?) e 0,4%, "em outra condição". Ou seja, tanto a oferta de habitações para alugar quanto a procura é relativamente baixa. Isso parece consequência dos juros relativamente altos no Brasil que proporcionam uma renda mais alta do que a dos imóveis.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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