Celso Ming
22 de outubro de 2010 | 13h42
A reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do Grupo dos 20 começa na Coreia com fortes divergências. Mas, pela primeira vez, o problema do câmbio global está sendo focado de maneira correta.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, que ocupa cargo equivalente ao de ministro das Finanças dos Estados Unidos, está propondo que os 20 maiores países do mundo cheguem a um entendimento sobre reequilíbrio das contas externas.
Isso significa que os países que têm forte superávit em conta corrente calibrem seus resultados externos para a redução desse saldo; e que os países deficitários trabalhem para fechar esse rombo.
Esse é o jeito de reconhecer três coisas. Primeira, que a questão do câmbio é apenas decorrência de desequilíbrios maiores – e os desequilíbrios maiores são o rombo em conta corrente e o rombo das contas públicas de grandes economias, a começar pela dos Estados Unidos; segunda, que a forte desvalorização da moeda chinesa não é a causa de tudo; e, terceira, que, sem uma ação conjunta, não é possível resolver os grandes problemas da economia mundial.
O ponto fraco dessa proposta está em achar que basta um acordo desse tipo para que tudo se resolva. China, Alemanha, Japão e um punhado de outros países emergentes têm projetos de crescimento econômico que dependem da expansão das exportações e mudar isso implica em enormes mudanças estratégicas dessas economias, que é muito difícil conseguir e, mais do que isso, pode levar anos e anos.
Ou seja, é preciso saber se haverá paciência suficiente no mundo para esperar por essa virada e para esperar todo esse tempo para obtenção da virada.
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