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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Pibinho pode acelerar redução da Selic

O fato de ter sido esperado não torna menos decepcionante o pibinho do quarto trimestre: queda de 0,9% em relação ao trimestre anterior e de 3,6% na acumulada do ano.

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Atualização:

É o oitavo trimestre seguido de retração da atividade econômica e da renda, consequência da desastrosa política econômica dos governos Dilma, que criaram um consumo artificial e não garantiram avanço sustentável da economia.

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sacou do bolso do colete a mesma alegação que seu predecessor, Guido Mantega, usava quando enfrentava desempenhos ruins: "Esse PIB é espelho retrovisor" -, disse ele ontem aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.

A troca pela visão do para-brisa dianteiro que Meirelles propõe, não chega a encorajar. O avanço previsto para 2017, de cerca de 0,5%, enfrenta pelo menos quatro fatores adversos: o fator arrasto (carry over), negativo em cerca de 1%, que dificulta a virada; o desemprego de quase 13%, que achata o consumo das famílias, um dos principais motores da economia; baixos índices de poupança, 13,9%, e de investimento, 16,4%; e inúmeros fatores de risco, como a baixa arrecadação e os resultados fracos da política fiscal, o impacto da Lava Jato sobre a condução da política econômica e a resistência às reformas, que pode minar a confiança. Mesmo se houver uma boa reação da economia, a aposta que está ganhando força, é preciso ver até que ponto seria sustentável e não apenas o resultado do desencalhe de estoques.

Apesar desses obstáculos, a recuperação pode vir de quatro setores. O primeiro deles, já em lançamento, é a agropecuária. O segundo, o setor externo, principalmente as exportações, que também começaram 2017 em forte aceleração. A indústria, por sua vez, conta com grande capacidade ociosa, de cerca de 30%, fator que permitirá certa retomada, sem aumento significativo dos investimentos. E há a infraestrutura, se o governo estiver de fato disposto a acionar os leilões de concessão, principalmente nos setores de petróleo, ferrovias, rodovias, portos e projetos de saneamento.

A confirmação do baixo desempenho da atividade econômica pode levar o Banco Central a acelerar a queda dos juros. As apostas do mercado financeiro nessa direção ganham força. Mas isso vai depender do comportamento da inflação, algo que pode ficar mais claro a partir desta sexta-feira, quando o IBGE divulga o IPCA de fevereiro.

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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