As cadernetas de poupança continuam sangrando. Em março, os saques foram R$ 5,4 bilhões superiores aos depósitos. Foi metade da retirada líquida registrada em fevereiro, mas, ainda assim, muito elevada.
Dois são os principais fatores que vêm levando os aplicadores a mais tirar do que depositar recursos nas cadernetas. O primeiro deles é a vida dura. O desemprego e a redução da renda real pela inflação têm obrigado os consumidores a recorrer a reservas pessoais para complementar o orçamento.
O segundo fator é a baixa remuneração das cadernetas quando comparada com a de outras aplicações financeiras. Em vez de optar por depósitos em poupança, muita gente tem preferido investir em títulos do Tesouro direto ou em cotas de fundos de renda fixa.
Ao fim de dezembro, o estoque total dos depósitos em poupança era de R$ 656,6 bilhões. No dia 31 de março, mesmo com o lançamento dos rendimentos, havia R$ 644,6 bilhões. (Veja o gráfico abaixo).
Enquanto durar a crise a tendência é de relativo esvaziamento das cadernetas, o que é um problema adicional para os bancos. Isso porque esses recursos são devidos à vista, ou seja, a qualquer momento o aplicador pode sacar depósitos. No entanto, os recursos das cadernetas de poupança são emprestados a compradores de casa própria que têm 10, 15 ou até mais anos para devolver o dinheiro em suaves prestações mensais.
Se houvesse uma corrida em massa aos saques, os bancos teriam um problemão. Por isso, são obrigados a operar esses recursos com muitas reservas para poderem enfrentar surpresas desse tipo.