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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Seca lá, bom tempo cá

Não deixa de ser a tal alegria de palhaço. Enquanto a maior estiagem desde 1956 queima as plantações do Meio-Oeste dos Estados Unidos, os produtores agrícolas daqui esfregam as mãos. E têm com o que se alegrar.

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Atualização:

A perspectiva de perda de produção no maior produtor mundial está puxando os preços das commodities agrícolas às alturas. É uma boa notícia para os agricultores brasileiros, que se preparam para aquela que pode vir a ser chamada como a maior safra de todos tempos.

 Foto: Estadão

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Além desse rali das cotações, algo que tende a se aprofundar se a seca nos Estados Unidos se prolongar, outro fator, em geral marcado por incertezas, também pode jogar a favor da agricultura brasileira. Os serviços de meteorologia indicam que os efeitos do fenômeno El Niño continuarão favoráveis na próxima temporada de outono/verão em todo o território brasileiro. Apontam, em princípio, para bons índices pluviométricos e clima propício para bons resultados.

A consultoria Agroconsult revisou para baixo suas projeções da produção de soja nos Estados Unidos de 88 milhões de toneladas para 80 milhões de toneladas. E aqui no Brasil, assegura Amaryllis Romano, especialista da Tendências Consultorias, a colheita facilmente ultrapassará a marca dos 80 milhões de toneladas - o que representaria salto de, no mínimo, 20% em relação à safra 2011/2012, um recorde histórico. Mas há previsões preliminares mais otimistas. A consultoria Safras & Mercado, por exemplo, aposta em colheita de 82,3 milhões de toneladas.

Será inevitável que áreas antes destinadas ao plantio de milho, observa o analista Flávio França Júnior, da Safras, abram espaço para a cultura da soja. Caso isso venha a se confirmar, a produção de milho será ligeiramente menor na temporada 2012/2013, com cerca de 68 milhões de toneladas. A safra 2011/2012 ficará ao redor dos 72 milhões de toneladas.

Essa colheita menor, avisa França Júnior, não levará a perdas. O faturamento bem mais alto compensará a redução de produção. "Mas o personagem principal da próxima safra no Brasil tende a ser mesmo a soja. Além de bons lucros, espera-se que garanta boa recuperação para as exportações do País."

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Consequência inevitável dessas novas perspectivas deverá ser nova alta do preço das terras destinadas ao plantio. No norte de Mato Grosso, por exemplo, Estado que mais produz soja e milho de segunda safra no País, o preço do hectare já avançou 75% desde 2010, como aponta levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). E, conforme Cléber Noronha, analista do Imea, a alta firme dos preços de soja e milho empurrou os preços do hectare para acima dos R$ 35 mil. Os níveis do arrendamento de área seguem nas mesmas proporções.

A balança comercial brasileira já acusa os efeitos da maior procura global. Na terceira semana de julho, as exportações de produtos básicos aumentaram mais de 9% em relação à anterior. E, se esse quadro favorável se confirmar, o interior contribuirá decisivamente para a melhora da renda nacional. / COLABOROU GUSTAVO SANTOS FERREIRA

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 Foto: Estadão

O gráfico mostra a escalada dos preços da soja, do trigo e do milho na Bolsa de Chicago.

Bom, mas nem tanto. O avanço do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre foi de 1,5%, em termos anualizados, mais alto do que o esperado. Mas, em relação ao trimestre anterior (2,0%), mostrou desaceleração. Esse desempenho relativamente fraco será mais um fator de pressão para que o Federal Reserve (banco central) despeje mais dinheiro na economia.

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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