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Além da economia

A Previdência na campanha

Tema explosivo, do qual políticos em geral preferem fugir. Mas, ao mesmo tempo, tema obrigatório para quem está na vida pública. A reforma da Previdência, que mesmo em sua versão minimalista dificilmente sairá nas datas sucessivamente previstas para este ano, terá de ser enfrentada pelo próximo governo, seja qual for.

Por Cida Damasco
Atualização:

O balanço da Previdência do ano passado, divulgado nesta segunda-feira, comprova o que todos sabem, mesmo aqueles que, por conveniência política, publicamente preferem um discurso diferente: o aumento do déficit é explosivo e, se nada for feito, poderá levar a um colapso nas finanças públicas.

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O déficit da Previdência da União (juntando INSS e servidores) chegou perto de R$ 269 bilhões em 2017, com um aumento de 18,5% sobre o ano anterior. Nas contas específicas do INSS, o rombo foi de R$ 182,4 bilhões, uma alta de 21,8% em relação a 2017. E, no caso dos servidores, chegou a R$ 86,3 bilhões, com um avanço anual de 11,9%. Para este ano, a previsão do governo especificamente para o INSS é de um déficit de R$ 192,8 bilhões.

Como se pode ver, trata-se de um crescimento não só expressivo como também generalizado, observado em todos os componentes das contas da Previdência: rural, urbana, servidores civis, militares etc. e tal. E, em consequência, um indicador de que mudanças devem mesmo ser abrangentes -- para que os efeitos sejam igualmente abrangentes, mas, antes de mais nada, por uma questão de justiça social.

Nessa quadra eleitoral, portanto, todos os candidatos ou aspirantes a candidatos têm pela frente o desafio de se posicionar em relação ao que fazer com a Previdência. Especialmente os que se situam nas fileiras oposicionistas. Afinal de contas, os candidatos mais ligados ao governo fazem justamente da reforma parte importante da sua plataforma eleitoral -- mesmo incluindo algumas modificações. É o caso do ministro Henrique Meirelles, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e mesmo do governador Geraldo Alckmin.

Para os oposicionistas, será inescapável explicar ao eleitorado como deverão se mover nesse campo minado. Recorrer a novo estelionato eleitoral, renegando qualquer mudança nas aposentadorias durante a campanha para depois ceder às evidências e partir para reformas, parece fora de questão -- tendo em vista a experiência altamente negativa da "metamorfose" de Dilma. Mas, "confessar" aos eleitores que serão forçados a negociar um novo regime de Previdência, também poderá custar muitos votos. Tarefa para gurus econômicos e estrategistas de marketing.

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