Claro que as situações têm suas peculiaridades. Apesar de todos os obstáculos,a equipe econômica de Temer conseguiu tocar em frente exatamente as pautas que os empresariado, base importante do governo,reclamava há um bom tempo: PEC do teto de gastos públicos e reforma da Previdência.
Mais recentemente, o mesmo empresariado passou a pressionar por medidas específicas para tirar a economia da letargia - já que há praticamente um consenso de que só as expectativas não são suficientes para empurrar os investimentos e, por tabela, o crescimento. Pior ainda, no meio desse tumulto político, as expectativas podem mudar de lado e até trabalhar contra esse circuito. A avaliação é que o governo não pode continuar se movendo unicamente pela agenda do ajuste fiscal - e, portanto, haveria necessidade urgente de pôr em prática uma agenda pró-crescimento.
Trabalhando nessa direção, a já anunciada aceleração da queda dos juros viria junto com medidas microeconômicas destinadas a melhorar o ambiente de negócios: entre outros itens, a reedição e ampliação do Programa de Proteção ao Emprego, algum tipo de facilidade para a quitação de dívidas, e alguns atalhos para tornar mais flexível a legislação trabalhista, independentemente de uma reforma maiúscula, para a qual provavelmente não haverá tempo. Medidas que estariam sendo estudadas para 2017, mas que por razões óbvias foram antecipadas.
Se o quadro econômico é mesmo de estagnação e exige providências, onde mora o perigo de um pacote desse tipo? Primeiro, teme-se que os políticos se animem e tentem incluir alguns itens que desfigurem o programa econômico. Segundo, mas no caso o principal, teme-se que o próprio Temer se anime e imagine que isso será suficiente para dar respostas à crise política.
A crise é grave e o ativismo na economia, sozinho, não pode dar conta do recado. Está aí Dilma que não deixa mentir.