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Além da economia

Emprego em busca da qualidade

Não que seja uma surpresa. Os números já vinham apontando nessa direção. Mas os dados divulgados nesta terça-feira sobre o comportamento do mercado de trabalho no terceiro trimestre reforçam as tendências manifestadas nas pesquisas anteriores. Segundo a PNAD Contínua, do IBGE, o desemprego continuou em queda, mas sustentado principalmente pela informalidade e com estabilidade nos rendimentos.

Por Cida Damasco
Atualização:

A taxa de desemprego caiu de 13%, no segundo trimestre, para 12,4% da população economicamente ativa, o que representa ainda um contingente de 12,9 milhões de desempregados. E o número de empregados com carteira assinada permaneceu estacionado em 33,3 milhões, enquanto o número total de pessoas ocupadas subiu 1,2% em relação ao segundo trimestre, totalizando 91,3 milhões. Em três anos, o País perdeu 3,4 milhões de empregos com carteira assinada.

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Há, portanto, um claro movimento de reingresso dos desempregados no mercado de trabalho, mas pela porta da informalidade. O que significa mais empregos, mas empregos de pior qualidade. Isso explica, inclusive, o fato de os rendimentos médios ainda não terem acompanhado essa trajetória de alta.

Segundo especialistas, o panorama visto a partir da PNAD é absolutamente normal, quando se sai do fundo do poço do mercado de trabalho, como estaria acontecendo agora - ou seja, primeiro se recuperam os empregos informais e, mesmo no universo formal, os de menor qualificação e, em seguida, vêm os outros empregos. A questão é quando se dará essa transição. Ou seja, quando o fôlego da retomada estimulará a contratação de empregados e, principalmente, de empregados mais qualificados.

O destino dos postos temporários, na virada do ano, pode dar uma boa indicação nesse sentido: a estimativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) é que o setor crie neste ano cerca de 73 mil vagas temporárias, 10% a mais do que em 2016. É sabido que, quando o quadro é favorável, cerca de um terço dessas vagas acabe se transformando em efetivas.

Afinal de contas, carteira de trabalho não é apenas uma exigência da burocracia no mercado de trabalho, mas garantia para a concessão de créditos, por parte das instituições financeiras, e confiança para assumir novos compromissos, por parte dos próprios trabalhadores. Ou seja, num ciclo virtuoso, a oferta de empregos de maior qualidade, estimulada pela melhora da atividade econômica, acaba funcionando, mais à frente, como um motor da própria retomada

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PS: os especialistas em "coponês" tratam de traduzir o que o Banco Central quis dizer ao não dizer nada sobre a taxa de juros do ano que vem. Assim como no comunicado divulgado logo após a reunião da semana passada, a ata do Copom desta terça-feira deu sinais claríssimos de que, no encontro de dezembro, a taxa básica de juro, a Selic, cairá 0,5 ponto, para 7% ao ano. Para 2018, porém, nenhuma pista. Isso depois de, em setembro, o próprio BC apontar um "encerramento gradual do ciclo". O BC espera novas informações sobre o cenário econômico e o balanço de riscos. Enquanto isso, silêncio.

 

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