Por que, então, alguns analistas demonstram um certo alívio com os números apurados pelo BC em agosto? O fato é que, pelas suas contas, está afastado, por ora, o risco de uma queda do PIB no terceiro trimestre, o que "carregaria" um efeito desfavorável para o fechamento do ano. As apostas são de uma pequena alta, do segundo para o terceiro trimestre. E a torcida é para que os saques do FGTS e do PIS/Pasep repitam o efeito sobre o consumo observado no governo Temer e garantam algum dinamismo à atividade econômica no quarto trimestre. Segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a liberação dessas contas deve injetar algo como R$ 13 bilhões no consumo -- sem contar a estimativa de mais uns R$ 12 bilhões para a quitação de dívidas, o que, em última instância, também abre caminho para aumento de consumo, já que permite a contratação de novos empréstimos e/ou financiamentos.
A reportagem "Com queda nos juros, busca por crédito tem o maior crescimento em 9 anos", de Márcia De Chiara, publicada na edição do Estadão desta segunda-feira, 14 de outubro, vai na mesma direção. Com base em pesquisa da Serasa Experian, a reportagem mostra que o número de pessoas que foram em busca de crédito entre janeiro e agosto registrou um aumento de 10,3% de janeiro a agosto, em relação ao mesmo período de ano passado -- e a maior procura é justamente pelas linhas destinadas à renegociação de dívidas. O movimento é atribuído, entre outros fatores, à baixa dos juros, mesmo considerando-se que, na ponta do crédito, o ritmo dessa queda é muito inferior ao da taxa básica.
Moral da história. Há alguns sinais no horizonte de alívio no quadro. Mas esses sinais ainda são tênues, e precisariam de novos estímulos para se consolidar. Não a tempo de salvar 2019 de um crescimento baixo -- nas proximidades de 1% -- mas pelo menos para dar alguma esperança de melhora mais significativa em 2020.