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Além da economia

Indústria tem forte aumento em junho, mas permanecem as incertezas

A divulgação dos resultados da produção industrial em junho dá um discreto alívio aos observadores do quadro econômico neste ano. Que o efeito da parada dos caminhoneiros, em maio, sobre a atividade econômica foi dramático, não há a menor dúvida. O temor maior, contudo, é que ele se arrastasse mais do que o previsto inicialmente e comprometesse fortemente o desempenho dos meses em diante. Nesse sentido, junho deu um sinal favorável. O aumento da produção industrial de 13.1%, o maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2002, veio em seguida a uma queda de 11% em maio. E pôs o setor num patamar ligeiramente superior ao de abril, antes da crise. Os números positivos aparecem na grande maioria das áreas da indústria.

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Por Cida Damasco
Atualização:

Enfim, jogo jogado. Crise dos caminhoneiros fica para trás e recomeça a partida do ponto onde ela havia sido interrompida. A questão agora é exatamente em que condições será reiniciada essa partida. Mais especificamente, como vai atuar a cada vez mais estreita ligação entre a economia e a política nos próximos meses. O mercado doméstico continua enredado em vários nós, que tão cedo não serão desfeitos.

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É muito lento o processo de recuperação do mercado de trabalho, fortemente castigado pela longa recessão. Um passo à frente, e uma parada logo em seguida. Apesar da queda na taxa geral de desocupação, ainda há quase 13 milhões de desempregados no País. Além disso, são visíveis as marcas da deterioração: em um ano foram cortadas quase 500 mil vagas com carteira assinada e é exatamente o contínuo crescimento do contingente de trabalhadores informais que vem permitindo a redução da desocupação -- contrariando os prognósticos de que essa "informalização" era apenas a primeira fase da melhora do mercado e logo em seguida daria lugar à formalização. Pelo visto, essa primeira fase ainda vai se arrastar.

Juro baixo, outro instrumentonão de incentivo ao consumo, também já se sabe que tem um alcance limitado -- uma vez que a derrubada da taxa básica, a Selic, não chegou com força total aos juros da ponta, aqueles do dia a dia. Aqui e ali, o governo lança mão de algum complemento vitamínico, como a liberação dos recursos do PIS-Pasep, mas insuficiente para anemia em que se encontra o consumo.

Se as características do momento não são lá muito animadoras, o futuro ainda é um conjunto de incertezas. Uniões, traições e rupturas marcaram as últimas semanas de definições de candidaturas à Presidência. Que venha agora uma pauta mais "propositiva" para os novos tempos.

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