Enfim, jogo jogado. Crise dos caminhoneiros fica para trás e recomeça a partida do ponto onde ela havia sido interrompida. A questão agora é exatamente em que condições será reiniciada essa partida. Mais especificamente, como vai atuar a cada vez mais estreita ligação entre a economia e a política nos próximos meses. O mercado doméstico continua enredado em vários nós, que tão cedo não serão desfeitos.
É muito lento o processo de recuperação do mercado de trabalho, fortemente castigado pela longa recessão. Um passo à frente, e uma parada logo em seguida. Apesar da queda na taxa geral de desocupação, ainda há quase 13 milhões de desempregados no País. Além disso, são visíveis as marcas da deterioração: em um ano foram cortadas quase 500 mil vagas com carteira assinada e é exatamente o contínuo crescimento do contingente de trabalhadores informais que vem permitindo a redução da desocupação -- contrariando os prognósticos de que essa "informalização" era apenas a primeira fase da melhora do mercado e logo em seguida daria lugar à formalização. Pelo visto, essa primeira fase ainda vai se arrastar.
Juro baixo, outro instrumentonão de incentivo ao consumo, também já se sabe que tem um alcance limitado -- uma vez que a derrubada da taxa básica, a Selic, não chegou com força total aos juros da ponta, aqueles do dia a dia. Aqui e ali, o governo lança mão de algum complemento vitamínico, como a liberação dos recursos do PIS-Pasep, mas insuficiente para anemia em que se encontra o consumo.
Se as características do momento não são lá muito animadoras, o futuro ainda é um conjunto de incertezas. Uniões, traições e rupturas marcaram as últimas semanas de definições de candidaturas à Presidência. Que venha agora uma pauta mais "propositiva" para os novos tempos.