Não houve nenhum terremoto no mercado. Mas o dólar subiu e os juros futuros seguiram a mesma direção. Mais que esse vaivém, contudo, rompeu-se aquela ilusão de que agora o governo estava em condições de concentrar seu foco totalmente na crise econômica - trabalhando pela aprovação da PEC dos gastos no Senado, pela administração da crise dos Estados, pelo fechamento da proposta da reforma da Previdência e assim por diante.
Se Temer imaginou que manter Geddel seria um jeito esperto de não atiçar as bases no Congresso, ficou claro que errou redondamente, como se dizia em outros tempos. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero enredou o ministro Eliseu Padilha e o próprio Temer nas denúncias de tráfico de influência, Geddel acabou caindo, mas o estrago já estava feito. Temer passou a imagem de indecisão e vulnerabilidade. A própria intenção de vetar a anistia ao caixa 2, que ele fez divulgar, passou menos como um reconhecimento do escândalo que a medida representa e mais como uma tentativa de se safar da crise.E, para transformar a tempestade perfeita em ciclone, vem aía delação da Odebrecht.
Nesse clima, passou ao largo até a edição da MP das concessões, sucessivamente adiada e considerada uma das pouquíssimas iniciativas que tem o poder de pelo menos abreviar a recessão.
Precisa de mais para complicar o cenário? O fator política interna volta à cena - e com força total - para influenciar os rumos da economia. E, salvo alguma pirueta de Temer, essa volta não promete boas novas para um governo que é definido pelo próprio parceiro FHC como uma pinguela até 2018. Por enquanto, portanto, o efeito Temer está ofuscando o efeito Trump.