Bom seria se essa "estabilidade" fosse sinal de tranquilidade no quadro econômico e político. A realidade, porém, é exatamente a oposta. A inflação sofre algumas pressões momentâneas, como a alta do dólar, principalmente em razão dos solavancos nas relações EUA-China, e da variação dos preços dos combustíveis. E tais pressões só não são repassadas com maior intensidade para os preços por causa do esfriamento da atividade econômica. Vários indicadores confirmam que a economia afundou do fim de 2018 para cá: a indústria, por exemplo, registrou uma queda de 2,2% no trimestre e o IBGE constatou que o setor não mostra mais sinais de recuperação. Nesse clima, vai se formando uma convicção de que 2019 terá um novo "pibinho".
Com o desalento cada vez mais acentuado, o que faria sentido sentido agora é discutir se a taxa estimuao lativa é, de fato, estimulativa. Pelo visto não. Até porque os juros na ponta também se mexem com grande lentidão e, em determinados casos, até subiram, na contramão da Selic. Concentração bancária ajuda a explicar porque as taxas cobradas nas linhas de crédito a pessoas físicas e empresas resistem em níveis elevados. Há quem deposite esperanças nos efeitos do funcionamento do cadastro positivo, que devem aparecer no segundo semestre, mas a experiência recomenda cautela nas avaliações.
Nesse quadro, a tendência é que o Banco Central também fique parado. Numa atitude defensiva, à espera de pistas mais seguras sobre o destino da reforma da Previdência.