De acordo com dados do IBGE, a taxa de desemprego ficou em 12% no último trimestre do ano passado, o que corresponde a um contingente de 12,3 milhões de pessoas em busca de uma colocação no mercado de trabalho, com um aumento de 36% sobre o mesmo período de 2015. A taxa é recorde da série histórica, iniciada em 2012, e poderia ser ainda maior, se não fosse o chamado efeito desalento - que, em momentos de crise, leva as pessoas a desistirem de procurar emprego.
No caso do setor público, o ano fechou com um déficit primário de quase R$ 156 bilhões, pior resultado desde 2001, embora abaixo da previsão orçamentária, que chegava a R$ 164 bilhões. O que pesou foi o mau desempenho do governo central, já que Estados e municípios conseguiram até um pequeno superávit - ou, melhor dizendo, um equilíbrio das contas.
Por fim, o dinheiro que o BNDES desembolsou para investimentos em 2016 registrou um baque de 35% sobre o ano anterior, sem descontar a inflação: ficou em R$ 88,3 bilhões, o menor volume desde 2007. Sinal inequívoco da pouquíssima disposição de investimentos, por parte das empresas, e também de um certo pé no freio por parte do banco, cuja imagem foi seriamente arranhada pela política agressiva de apoio aos chamados campeões nacionais, na era petista.
O governo Temer procura se descolar desses resultados, mostrando que eles são consequência direta das distorções da política econômica de Dilma -- e não de responsabilidade da "nova direção". Mas, tanto em termos de atividade econômica, como de finanças públicas, tudo indica que os estragos foram muito grandes e o conserto ainda leva algum tempo.