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Além da economia

Um PIB para chamar de seu

Mal o IBGE divulgou a desastrosa queda de 3,6% no PIB em 2016, já começaram as manifestações das "torcidas" nas redes sociais. De um lado, é o último PIB da Dilma. De outro, é o primeiro PIB de Temer. Claro que não vale aqui se guiar pelo calendário - na melhor das hipóteses, por esse critério, seria metade da Dilma, metade de Temer.

Por Cida Damasco
Atualização:

O PIB do ano passado, já é sabido, é o resultado de um processo recessivo, que se instalou no Brasil em 2014, agravou-se em 2015 e repetiu a dose em 2016. Tudo junto e misturado, trata-se de um respeitável tombo de 7,2% no biênio 2015-2016. A combinação de estratégias econômicas equivocadas, com um quadro de forte desestabilização política, e alguma ajuda da conjuntura internacional, mergulharam o País na maior crise desde 1930. E a grande questão, hoje, é saber se, de fato, essa recessão e seus efeitos dramáticos -- principalmente no mercado de trabalho -- são águas passadas e, mais ainda, se a atual acomodação do quadro pode evoluir com alguma rapidez para um quadro de franca recuperação da economia.

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Para essa última pergunta, especificamente, as respostas não são muito animadoras. Pelo menos quando se leva em conta a economia real, aquela que é percebida pelo conjunto da população. O desempenho da economia no último trimestre foi pior do que se previa (queda de 0,9% sobre o terceiro trimestre) e a gravidade da crise é confirmada por qualquer ângulo que se olhe o quadro: investimentos, consumo das famílias, comportamento da indústria, dos serviços e assim por diante. Mas, a julgar pelos números, essa queda forte pode "ajudar" pelo menos numa retomada estatística. Ou seja, com uma base de comparação fraca, a taxa deste ano pode ficar mais favorável.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, rebate as avaliações pessimistas do PIB de 2016 com a previsão de que, no último trimestre de 2017, a economia estará rodando com um crescimento de 2,4% sobre o mesmo período de 2016. Bastante razoável e nada capaz de provocar uma "multa" por excesso de velocidade. Para a equipe econômica, numa conjuntura como a atual, em que, dia após dia,  examinam-se exaustivamente todos os indicadores disponíveis para medir o comportamento da atividade econômica, essa comparação seria a mais adequada. E, é inegável, também a mais conveniente para o governo Temer exibir o resultado do "seu" primeiro  PIB - a previsão para o ano fechado de 2017 é de um crescimento quase imperceptível, em torno de 0,5%.

Dá para acelerar essa marcha? Apesar da impaciência generalizada - e justificada -- o governo tenta resistir às pressões e manter sua receita para dar algum fôlego extra à retomada. Empurra ladeira abaixo a taxa básica de juros, a Selic, libera algum dinheiro do FGTS para os consumidores acertarem suas contas e anuncia uma segunda "tranche" do programa de concessões, com 55 projetos, incluindo a privatização de 15 companhias de saneamento estaduais. Se tudo correr bem, e se a política não atrapalhar, Temer vai poder chamar de seu, com um pouco mais de tranquilidade, o PIB de 2018.

 

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