O dragão voltou. Ele não queria, talvez estivesse com preguiça, ou chateado com a derrota pelo Plano Real. Mas criaram a infraestrutura adequada para seu retorno: altíssima cotação do dólar frente ao real; instabilidade política forjada pela Presidência da República; pandemia de coronavírus; lentidão na vacinação em massa; corte de investimentos em ciência e tecnologia; má gestão do petróleo e do gás; paralisação das reformas; desequilíbrio ambiental crônico, queimadas e ameaça de apagão.
Sim, o dragão da inflação poliu sua lança, e avançou pelos preços dos itens exportados (óleo de soja, carne bovina, açúcar, arroz), dos combustíveis e do gás de cozinha, de peças e componentes, dos insumos da construção, e chegou a todos os segmentos econômicos.
Ele ainda tinha algumas dúvidas sobre mostrar a cara abertamente, pois foi fustigado e enxotado por um qualificado time de economistas -nenhum deles está no atual governo: Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha e Winston Fritsch. O presidente era FHC, e hoje, bem, vocês sabem.
Resta-nos fazer orçamento criterioso, comparar preços antes de comprar, limitar a carne bovina na dieta, economizar energia elétrica e torcer para que o apagão não achate ainda mais os negócios e as raríssimas oportunidades de emprego.
Quem por milagre receber 13º salário deve quitar dívidas, antes de gastar. O dragão voltou metamorfoseado em estagflação, a combinação de inflação com recessão.