No dia do acerto de contas, o BBA entregou à petroquímica R$ 4 milhões- R$ 15 milhões a menos do que a Petropar esperava que pingasse na sua conta bancária. A razão de tamanha diferença é o índice de correção que cada parte resolveu adotar. A Petropar usou o IGP-M, índice previsto nos contratos. O BBA, por sua vez, adotou o IGP-2, alegando que seguia as mudanças de regras que empacotaram o Plano Real. Em 1999, depois de cinco anos tentando um acordo, a Petropar recorreu à Justiça. Os R$ 15 milhões se transformaram, na última vez em que o número foi atualizado, em 2007, em mais de R$ 200 milhões, dinheiro para ninguém botar defeito.
A Petropar ganhou em primeira e segunda instâncias, mas o caso está congelado por uma liminar à espera de julgamento no Supremo Tribunal Federal. "Caindo a liminar do STF, o banco vai ter que cumprir a decisão", afirmou o advogado Alfredo Lazzareschi Neto, que defende a Petropar, ao repórter David Friedlander. Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o Itaú BBA não quis se manifestar.
Cerca de um mês atrás, Bracher decidiu interferir na disputa. Longe do dia a dia do banco desde o ano passado, ele procurou os irmãos Wilson e William Ling, maiores acionistas da Petropar, e os convidou para uma conversa em São Paulo. O banqueiro paulista conhece os Ling desde que era bancário. Bracher foi gerente de uma agência do falecido Banco da Bahia, instalada no mesmo edifício que abrigava o escritório do pai de Wilson e William, no centro de Porto Alegre. "Eles se conheciam há muito tempo, por isso o BBA fazia muitos serviços para a Petropar", diz Lazzareschi .
Na reunião de São Paulo, da qual participou também o banqueiro Cândido Bracher, filho de Fernão, ficou tudo como estava. "Eles (os Bracher) propuseram esquecer a questão jurídica e fazer um acerto", disse Wilson Ling, um dos herdeiros da Petropar. "O acordo que ofereceram, no entanto, não nos interessou e decidimos continuar com o processo na Justiça".