Segundo ele, no início do ano passado, a Michael Page chegou a fazer ajustes em sua própria estrutura em função da queda na demanda. "No entanto, passado o primeiro susto, os negócios voltaram a se aquecer rapidamente a partir de julho", diz Pontes. Resultado: a Michael Page foi obrigada a recompor e reforçar seu quadro de consultores, que já chega a 180 profissionais em suas três divisões, que incluem uma especializada na contratação de alta direção e outra voltada a executivos em início de carreira, na faixa salarial inferior a R$ 5 mil. "Deveremos fechar o ano com 220 recrutadores", diz Pontes.
Dono de um faturamento global de R$ 1,2 bilhão, o grupo inglês obtém 10% de suas receitas da América Latina. "O Brasil, já é o quarto escritório da Michael Page em tamanho, só superado pelo Reino Unido, França e Austrália", diz Pontes. Instalada no País desde 2003, a subsidiária está num processo de expansão acelerada. Com dois escritórios em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e unidades em Campinas, Curitiba e Belo Horizonte, deverá instalar-se com operações próprias em Recife e Porto Alegre nos próximos meses. "Recife será nosso hub para o Norte e Nordeste, regiões que estão bombando atualmente", diz Pontes. "Estamos abrindo Porto Alegre porque constatamos que não se consegue atender adequadamente desde outro Estado o Rio Grande do Sul, que tem especificidades próprias."
Particularidades regionais à parte, a Michael Page aposta em três grandes áreas no negócio de recrutamento de executivos nos próximos anos. Uma delas é o setor de óleo e gás, não apenas por conta dos investimentos no pré-sal, mas em decorrência da revoada de investidores estrangeiros. "Já sentimos falta de executivos nas áreas técnica e de logística de petróleo", diz Pontes, que prevê a importação de mão de obra especializada do exterior. As outras duas áreas são as de infraestrutura e a de construção, turbinadas pelo boom recente do mercado imobiliário e pelas obras vinculadas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016.
A escassez de executivos qualificados, sobretudo de formados em engenharia, já pode ser notada em praticamente todos os setores da economia. Um dos sintomas é a redução do tempo médio de recolocação de quem muda de emprego, que baixou de seis para quatro meses. Outro é a elevação dos salários e dos pacotes de remuneração, que passaram a ser competitivos, mesmo comparados aos praticados no exterior. "Hoje, um executivo brasileiro não precisa sair do País para incrementar sua carreira", afirma Pontes. "Ao contrário, a toda hora estamos recebendo consultas de expatriados brasileiros interessados em voltar para o Brasil. Há muitas oportunidades aqui."