Inédito para os padrões americanos, esse grau de concentração está longe, muito longe de rivalizar com o vigente no sistema financeiro brasileiro. Como se pode verificar na tabela, elaborada pela consultoria Austin Rating, de São Paulo, os três maiores bancos nacionais - Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco- detêm 56,3% do R$ 1,26 trilhão de depósitos existente em dezembro de 2009. Em 1994, a participação dos três maiores era de 37,2%. O que também quer dizer que a concentração bancária americana está 15 anos atrasada em relação à do Brasil no que se refere ao pelotão de frente.
Quando se amplia a lista para os cinco maiores do País, com o acréscimo do Santander e da Caixa Econômica Federal, a concentração cresce para 78,9%. Ou seja, R$ 7,8 em cada R$ 10 depositados na rede bancária nacional está em poder dos grandalhões. Quando se fala dos 20 maiores, esse grau chega 93,6%. Trocando em miúdos, cabe às 139 instituições restantes disputar ferozmente uma minguada fatia de 6,4% dos depósitos totais.
A concentração bancária no Brasil não se limita ao volume de dinheiro em poder dos mais fortes. O próprio número de bancos vem diminuindo aceleradamente nas últimas décadas. Em 1964, havia 336 bancos em atividade no mercado. Em 1994, esse número já caíra para 232. A partir daí, como resultado da estabilização da moeda, privatização de bancos estatais, a abertura ao capital estrangeiro, entre outros fatores, o contingente foi se reduzindo até chegar aos 159 bancos contabilizados em dezembro de 2009. Só para comparar: nos Estados Unidos, o número de bancos comerciais está na casa de 8.600. "Nos Estados Unidos, a despeito de todas as falhas regulatórias que vieram à tona recentemente, sempre houve uma preocupação em disciplinar a participação no bolo de depósitos e empréstimos", afirma Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating. "Durante muito tempo, os bancos estavam impedidos de abrir agências e captar depósitos fora de seus Estados de origem."
Segundo Santacreu, uma das consequências da concentração elevada, do ponto de vista do consumidor, costuma ser a diminuição da competição no setor, traduzida em taxas menores para suas aplicações financeiras e o pagamento de taxas maiores nos empréstimos tomados. "Graças a isso, os bancos maiores conseguem operar com taxas de spread mais altas", afirma.