SÃO PAULO - No Brasil pela primeira vez para inspecionar as instalações de máquinas fornecidas pela empresa Alar LHD para diversas empresas do ramo automotivo, o italiano Daniele Ribetto elogiou as empresas locais, pelo avanço no uso de novas tecnologias e pela qualidade da mão de obra, mas ficou surpreso com um detalhe: a sujeira nas fábricas, especialmente nos banheiros e nos vestiários dos funcionários.
Somos a sétima maior economia do mundo, o quarto maior mercado de automóveis e nossa indústria busca uma inserção mais forte no mercado internacional, mas muitas empresas, incluindo multinacionais, não se deram conta de que, pequenos detalhes, como um banheiro decente, pode fazer a diferença na qualidade do seu produto.
Sabemos e repetimos isso constantemente, mas ouvir essa análise de um estrangeiro que vê o Brasil como forte competidor global é constrangedor...
Ribetto é da região de Turim, onde a Fiat nasceu. Formado em Economia, já trabalhou em diversas montadoras e hoje é gerente de uma importante fabricante de máquinas da Itália, que estuda abrir uma filial no País.
Ele mora nas montanhas da região, num vilarejo que viu sua população migrar para a cidade para trabalhar na produção de carros e autopeças, e agora retorna porque as fábricas fecharam. Na volta, encontraram casas abandonadas, depredadas, os rios poluídos e grande parte da mata destruída.
Há dez anos, Ribetto fundou uma associação para recuperar a proteger a vila nas montanhas. Acaba de escrever o livro "Fragmentos de amor", que conta a história do lugar, as ações para recuperar casas e florestas e é ilustrado com 300 fotos feitas por ele mesmo.
Ribetto conta que gostou da hospitalidade dos brasileiros, mas lamenta que nos hotéis, nos restaurantes e nas empresas tenha encontrado poucas pessoas que falam inglês. E ficou perplexo com os custos da comida, da hospedagem, dos transportes...