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Bastidores do mundo dos negócios

Ações de novatas na B3 caem até 80% em 2021, com alta dos juros e saques de fundos

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:
B3, após renovar o local do antigo pregão. Crédito da foto Gustavo Scatena/Divulgação B3 Foto: Estadão

 

As ações das empresas novatas na B3 subiram em bloco no último pregão de 2021, mas a valorização não chegou nem de perto para apagar as fortes baixas dos papéis nos últimos meses. Das 45 companhias que abriram o capital este ano na B3, 35 estão com preços abaixo do que quando lançaram os papéis. Algumas chegam a amargar perdas acima de 80%, caso da empresa de programa de fidelidade Dotz, e na casa dos 70%, como a rede de lojas de móveis e decoração Mobly, a empresa de serviços GetNinjas e a plataforma de comércio eletrônico Westwing.

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O movimento na B3 é semelhante ao que acontece em Nova York, onde três quartos das estreantes nas bolsas americanas ficaram com preços abaixo da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na reta final de 2021.

Tanto aqui, como nos EUA, banqueiros de investimento e gestores atribuem o derretimento dos papéis à alta de juros, que retira liquidez do mercado de ações. Esse movimento penaliza especialmente os papéis de empresas que precisam de muito caixa para crescer, como as de tecnologia. Também provoca saques nos fundos mais arriscados, os que mais compram papéis em IPOs.

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vem endurecendo o discurso e sinalizando altas de juros na primeira metade de 2022. Já o Banco Central brasileiro vem sendo um dos mais agressivos do mundo em elevar a taxa básica de juros para combater a inflação, o que aumenta a atratividade da renda fixa.

Com a Selic novamente perto dos dois dígitos, os investidores estão sacando suas aplicações de fundos de ações e multimercados para migrar para a renda fixa, de menor risco. Assim, os fundos caminham em dezembro para o quarto mês seguido de perdas fortes de recursos.

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Desde setembro até dia 24, os multimercados tiveram saques de R$ 38,7 bilhões e as carteiras de ações, de R$ 14,3 bilhões, ambos em valores líquidos, segundo a Anbima. Os fundos de ações podem fechar 2021 com captação negativa, na primeira vez que desde 2016.

Com saques nesse ritmo, estes fundos precisam vender os papéis que compraram em IPOs para fazer caixa. Como a liquidez das ações das novatas da B3 é menor, os papéis despencam.

Há ainda entre gestores uma crítica de que algumas empresas fizeram IPO sem estarem totalmente prontas e com preços inflados. Quando os juros começam a subir, acabam sendo as mais penalizadas.

Em meio ao derretimento de vários papéis de empresas que fizeram IPO este ano, há exceções, como a Intelbras, fabricante de equipamentos de segurança eletrônica, e a Boa Safra Sementes, ambas com valorização acima de 60%. Dos 45 IPOs de 2021, dez empresas fecharam o ano com o preço acima da oferta inicial.

 

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 31/12/2021, às 10:00:24.

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