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Bastidores do mundo dos negócios

Boa Vista compra Acordo Certo e tem de 18 a 20 empresas na lista de aquisições

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Por Matheus Piovesana (Broadcast)
Atualização:
 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Ao fazer sua bem sucedida abertura de capital, em que colocou no caixa R$ 1,3 bilhão e conquistou investidores estrangeiros, o birô de crédito Boa Vista deixou claro que usaria boa parte dos recursos para aquisições que completassem sua oferta de serviços. A primeira foi anunciada ontem: a compra da Acordo Certo, plataforma digital de renegociação de dívidas. A transação de R$ 37 milhões é vista pela Boa Vista como um reforço para um 2021 movimentado no mercado de renegociações. E vai de encontro ao que analistas esperam que a empresa faça para reduzir a grande diferença para a Serasa, sua maior rival.

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"Em todas as crises que o País atravessou, sempre veio um aumento natural na inadimplência. Desta vez não é diferente, mas com o esforço de bancos e empresas em aumentarem os prazos de pagamento, esse efeito foi deslocado", diz Dirceu Gardel, CEO da Boa Vista, em entrevista ao Broadcast. "Estamos aguardando um movimento de alta na inadimplência entre o fim deste ano e o início do ano que vem."

Acordo Certo aproxima Boa Vista do consumidor final

A chegada da Acordo Certo complementa o esforço da Boa Vista para atingir um dos objetivos de seu plano de negócios - o de aumentar a fatia de sua receita proveniente dos chamados serviços B2C, direto ao consumidor final. Especializado em tratar diretamente com outras empresas, oferecendo a elas análises do perfil de crédito dos clientes, o birô viu uma possibilidade de novas frentes de negócio em medidas como o Cadastro Positivo, que trouxeram a análise de crédito para perto do consumidor. Mas sua estrutura não atendia a esse público.

"Nos faltava uma importante etapa: uma plataforma mais amigável para que o consumidor tivesse uma negociação mais ágil, inteligente e humanizada", diz Gardel. Entre partir do zero e trazer para dentro uma empresa que já tinha essa estratégia, a Boa Vista preferiu a segunda opção, e enxergou na startup uma oportunidade.

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Fundada em 2017, a Acordo Certo foi criada por parte do grupo que estruturou a Clear, comprada pela XP em 2014. Um dos sócios, Dilson Moura de Sá, que é CEO da plataforma, diz que a ideia é aproximar credores e devedores. No lugar de ligações de call centers ou cobranças de escritórios especializados, entrou um aplicativo de celular. "Saímos de 100 acordos por mês, no início de 2017, para 580 mil em novembro", afirma.

Segundo a Boa Vista, há 57,8 milhões de pessoas com dívidas no aplicativo, uma carteira de R$ 188 bilhões. A Acordo Certo é parceira de grandes bancos, empresas de telefonia, varejistas e empresas de educação superior. Essas companhias fornecem a base de dados à companhia, que busca a renegociação. O consumidor também pode tentar ajuda: ele cadastra o CPF na plataforma e descobre quais das dívidas estão abertas à negociação.

Investidores gostaram da aquisição

A compra fez a ação da Boa Vista subir 4,52%. "Acreditamos que a aquisição da Acordo Centro entra tanto no pacote da recuperação de crédito quanto no de serviços ao consumidor", escreveu o banco JPMorgan. No entanto, o papel ainda tem pouca liquidez. Desde a estreia na B3, em setembro, gira R$ 39,7 milhões ao dia - menos da metade de outra estreante, a Petz, que negocia R$ 82,6 milhões.

O mercado entrou em compasso de espera pelas aquisições. Em novembro, o Citi afirmou que a aposta em novos negócios é vital para a empresa. O banco estimou que a Boa Vista tem 20% do mercado de análise de crédito no País, bem atrás da Serasa, com 75%. E essa diferença se refletia no relacionamento com o cliente final.

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"O aplicativo da Boa Vista já tem mais de 2 milhões de usuários registrados, que têm serviços gratuitos como o acesso à pontuação de crédito individual", escreveu o banco. "Mas quando comparamos as soluções às do app de sua principal rival no Brasil, vemos a Boa Vista para trás, especialmente em produtos antifraude, mas também de crédito."

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Algumas negociações de aquisição de empresas estão em estágio avançado

Novas aquisições estão a caminho. Segundo o CEO do birô de crédito, "de 18 a 20 empresas" estão na lista de compras, algumas em estágio de negociação mais avançado, e com diferentes portes. "Empresas tecnológicas, que usam, tal como nós, a melhor inteligência analítica para trazer o maior valor", afirma Gardel.

A complementaridade do leque de produtos continuará sendo a chave, mas ele afirma que após ganhar musculatura em atendimento B2C, a Boa Vista pretende avançar sobre outro mercado: o de soluções contra fraudes online. Prioridade mesmo antes da pandemia, esse segmento deve ganhar mais tração com a digitalização trazida pelo covid-19.

"Na medida em que a tecnologia permeia mais as relações entre pessoas e empresas, um requisito é saber com quem se relacionar por meio dela", diz o CEO. "Ao criar esse nicho, haverá muito mercado para produtos inteligentes e algorítmicos que se complementem."

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Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 02/12/2020, às 06:30:23

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