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Bastidores do mundo dos negócios

CBA, de alumínio, vê exportações como alternativa para driblar volatilidade

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Por Wagner Gomes
Atualização:
Ricardo Carvalho, presidente da CBA: planos de investimento mantidos    Foto: JF Diorio/Estadão

A volatilidade dos mercados, que ganhou força com a guerra entre Rússia e Ucrânia, não muda os planos da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) para este ano. O presidente da empresa, Ricardo Carvalho, diz que a exportação pode ser um caminho para a CBA fugir da volatilidade e afirma ainda que os investimentos assumidos pela empresa durante a sua oferta inicial de ações (IPO, pela sigla em inglês), em julho do ano passado, serão mantidos. O grupo vai destinar ao longo de quatro anos (até 2025) R$ 4 bilhões para ampliar a capacidade de produção de alumínio e aumentar a exploração de bauxita.

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"Tudo está sendo implementado conforme o previsto e dentro do prazo. Para nós, guerra ou eleições no Brasil, que acabam trazendo volatilidade, não mudam os nossos compromissos", afirma o presidente da CBA, uma das principais empresas do conglomerado da família Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim.

A CBA atua na cadeia de valor do alumínio, desde a mineração de bauxita até a transformação em alumínio primário (lingotes, tarugos, vergalhões e placas) e produtos transformados (chapas, bobinas, folhas e perfis). Cerca de 90% da sua produção vai para o mercado interno, mas esse percentual poderá ser reduzido caso haja volatidade, segundo o executivo. Carvalho diz que isso aconteceu no início da pandemia, quando a construção civil quase parou e a indústria automotiva suspendeu as compras em decorrência da mobilidade da população reduzida.

"Na ocasião, conseguimos imediatamente direcionar a venda que tínhamos planejado de fazer no mercado interno para a exportação. É uma flexibilidade que o nosso negócio nos dá", comenta.

Investimentos mantidos

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Segundo Carvalho, os investimentos estão mantidos. Do total de recursos para os próximos quatro anos, a metade (R$ 2 bilhões) vai para projetos de crescimento e reciclagem, competitividade e voltados às boas práticas ESG (ambiental, social e de governança), e a outra (mais R$ 2 bilhões) para o projeto de produção de bauxita, denominado 'Projeto Rondon', no Pará. Na operação da cidade de Alumínio (SP), a ideia é religar as salas fornos 1 e 3.

"Já começamos a retornar a operação na sala fornos 3. Isso nos trará (quando tudo for concluído) mais 30 mil toneladas por ano de capacidade. A sala fornos 1 está prevista para retornar um pouco mais para frente, nos trazendo mais 50 mil toneladas ano. Iremos assim chegar ao longo do tempo em 430 mil toneladas ano de alumínio primário, saindo de 350 mil que temos agora", informa.

O executivo diz que a companhia também tem como prioridade o investimento na transformação da sucata de alumínio. Hoje processa cerca de 100 mil toneladas por ano. A expectativa é chegar perto de 200 mil toneladas por ano de sucata com o investimento que a companhia fez na Metalex e mais recentemente na Alux.

"Também temos investimentos que impactam [práticas] ESG e competitividade que foram anunciados no IPO. Um deles é o upgrade da tecnologia dos nossos fornos. A sala 3, que estamos voltando à operação e a sala 1, que vamos voltar. Ao longo do tempo todas as salas vão ter esse upgrade", afirma.

Foco na construção

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Entre os principais clientes da CBA, os fabricantes de embalagens e de caminhões e ônibus respondem juntos por 40% da carteira. A construção civil representa pouco menos de 20% dos negócios da companhia, mas a ideia a partir de agora é reforçar as vendas para o setor, apesar da alta dos juros e da inflação.

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Carvalho avalia que as eleições no Brasil podem arrefecer um pouco a economia, gerando instabilidade no câmbio. Mas isso não deve afetar apenas o alumínio, será um problema geral de todos os setores, ele observa.

A energia deve deixar de ser o vilão do setor de alumínio neste ano, depois das complicações em 2021 devido à falta de chuvas no País. A CBA chegou a comprar energia a um preço mais alto no mercado para complementar o seu consumo no ano passado.

De acordo com o executivo, o aumento do custo com o insumo foi "carregado" um pouco para este primeiro trimestre de 2022, mas ele não acredita que isso irá ocorrer no restante do ano. Em sua avaliação, a inflação de custos em outros itens, de uma forma geral, é igual para todos. No caso do alumínio, o responsável pela inflação de custos é principalmente a soda cáustica e o coque. Por outro lado, a CBA tem a vantagem de produzir a sua própria bauxita e o seu próprio alumina.

 

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Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 28/02 às o8h00.

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