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Bastidores do mundo dos negócios

Cinco companhias do Ibovespa têm observações sobre corrupção no balanço de 2020

 

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Por Vinicius Neder
Atualização:

Estrada sob concessão da CCR;  empresa lucrou mais de R$ 1 bi em 2021    Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

Cinco das principais companhias abertas do País publicaram demonstrações financeiras de 2020 com alguma observação, por parte dos auditores, relacionada a casos de corrupção. A operadora de concessões de infraestrutura CCR foi a única que trouxe uma "ressalva" no documento. A petroquímica Braskem, a operadora de concessões Ecorodovias, o frigorífico JBS e a fabricante de medicamentos Hypera tiveram observações mais brandas em seus informes, conforme levantamento do especialista em governança corporativa Renato Chaves, ex-diretor da Previ.

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Nas demonstrações financeiras da CCR, os auditores da KPMG fizeram a ressalva de que a companhia e algumas controladas firmaram acordos de autocomposição e de leniência em investigações que "não foram concluídas" e estão "protegidas por segredo de Justiça". Por isso, "no momento, não é praticável determinar se há perda provável decorrente de obrigação presente em vista de evento passado e nem fazer uma mensuração razoável quanto a eventuais novas provisões passivas sobre este assunto". Procurada, a CCR não fez comentários adicionais sobre a ressalva dos auditores.

A Braskem trouxe em seu balanço um "parágrafo de ênfase" dos auditores, por causa de uma investigação interna em torno do projeto Etileno XXI, no México, envolvendo supostos pagamentos indevidos revelados pela imprensa mexicana. Segundo Chaves, é uma observação mais branda do que uma aprovação "com ressalvas". Procurada, a Braskem disse que "informa acerca de investigações conduzidas internamente" nas demonstrações financeiras "por conta de sua Política Global do Sistema de Conformidade".

Nos balanços da JBS, da Ecorodovias e da Hypera, os auditores citaram questões relacionadas a casos de corrupção nos "principais assuntos de auditoria" (PPA). É o mais brando tipo de observação, conforme Chaves, que analisou demonstrações financeiras das 78 empresas que, no quarto trimestre do ano passado, estavam no Ibovespa, principal índice de ações da B3. Procuradas, as três companhias também não fizeram comentários adicionais sobre as observações.

Não há padrão para citar o tema da corrupção nos balanços

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Para Chaves, falta um padrão das auditorias independentes ao tratar de corrupção nas demonstrações financeiras. "Por que os auditores têm visão diferente sobre o mesmo tema?", questiona o especialista, após lembrar que os casos em questão têm semelhanças entre si.

As entidades que lidam com padrões de auditoria poderiam se manifestar sobre o assunto e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) poderia ser mais ágil para inabilitar administradores de empresas envolvidas em casos de corrupção, principalmente nos casos de delações premiadas, de acordo com ele.

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 07/05, às 18h29.

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