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Bastidores do mundo dos negócios

Com 5 interessados na Braskem, Novonor compra tempo com dividendos a credores

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Foto do author Cynthia Decloedt
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:
A Braskem foi uma das empresas que fizeram recompra de bonds  Foto: Daniel Teixeira/AE

O grupo Ultra passou a compor a lista de interessados na Braskem, que já conta com dois investidores financeiros e outras duas empresas nacionais. Além do Ultra, grupo J&F, Unipar e Apollo e BTG têm olhado a petroquímica, que está à venda desde 2016. A chegada do Ultra ao processo acontece em meio à distribuição de R$ 7,35 bilhões em dividendos aos investidores da empresa. A bolada tirou a pressão que os bancos credores faziam sobre a Novonor (antiga Odebrecht, controladora da Braskem, ao lado da Petrobras), para concluir a venda da petroquímica com celeridade e atender ao plano de recuperação judicial. Só a Novonor recebeu perto de R$ 2,8 bilhões em dividendos, parte dos quais diretamente direcionada aos bancos.

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Negócio pode movimentar R$ 70 bilhões

A venda da Braskem, uma das maiores petroquímicas do mundo, pode movimentar R$ 70 bilhões, incluindo as dívidas. Só a fatia da Novonor, que tem 38% do capital votante, é estimada em mais de R$ 13,5 bilhões. No ano passado, a Novonor fechou um acordo com os bancos que são credores e detentores das ações da Braskem para a venda da petroquímica até dezembro, para aproveitar a valorização de suas ações. Sem um desfecho favorável, a Braskem anunciou um dividendo de R$ 6 bilhões referente ao desempenho de 2021, e outras alternativas de venda foram lançadas, como uma oferta em bolsa, que também acabou suspensa em fevereiro. Agora, o pagamento de mais R$ 1,350 bilhão em dividendos foi anunciado pela companhia - o que acalmou os credores.

"Os credores estão recebendo bons dividendos e com isso a urgência da venda diminuiu. Foi uma solução encontrada", disse uma fonte com conhecimento do assunto. Outra fonte emenda que os credores também sabem que não há como vender a participação via bolsa neste momento, por conta do forte aumento da aversão a risco e a instabilidade interna na Petrobras. A estatal está sob a ingerência do presidente Jair Bolsonaro, que um mês após ter trocado o presidente da Petrobras, já ameaça nova mudança no comando da petroleira.

Apollo chegou a fazer oferta pela petroquímica no passado

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Entre o interessados está o fundo de private equity americano Apollo, que já vem namorando a Braskem nos últimos anos e chegou a fazer uma proposta no passado. O fundo ficou famoso por comprar a holandesa LyondellBasell logo após a crise financeira mundial de 2008, por cerca de US$ 2 bilhões, e vender cinco anos depois por US$ 12 bilhões, no que é considerado o negócio mais lucrativo já feito no setor de private equity mundial. Em 2017, a gestora levantou um novo fundo de US$ 25 bilhões, o maior já feito nessa indústria. A própria LyondellBasell chegou a fechar a compra da Braskem, mas desistiu em 2019.

A J&F, que recentemente entrou no setor de mineração, é outra interessada em comprar a Braskem, para começar a operar em uma nova área. A empresa contratou a butique CF Partners, do ex-presidente da Braskem, Carlos Fadigas, para fazer as negociações. O Ultra e a Unipar também vêm sondando a petroquímica. Segundo fontes, o namoro com a Braskem vinha desde meados de 2021, mas as conversas começaram mesmo a esquentar após a oferta de ações ser suspensa, no fim de janeiro. Uma das possibilidades em discussão é a Novonor vender sua fatia e a Petrobras acompanhar pelo 'tag along', mecanismo que permite um minoritário seguir a decisão do controlador.

Diferentemente de outros momentos, a Braskem agora está mais pronta para ser vendida, na avaliação de um executivo. O problema ambiental em Maceió está perto de ser resolvido, a empresa está com bons resultados operacionais e a operação no México, que já foi fonte de problemas, também está equacionada. Só no primeiro trimestre, as vendas de polietileno da unidade saltaram 63%. Procuradas, as empresas não comentaram.

 

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 18/05/22, às 16h52

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