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Bastidores do mundo dos negócios

Com Amos Genish no comando, V.tal eleva meta de expansão e avalia aquisições

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Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:
Amos Genish, presidente executivo da V.tal    Foto: Miro de Souza

Após assumir o controle da V.tal - maior empresa de redes de fibra óptica do País e uma das maiores do mundo - o BTG Pactual vai colocar o pé no acelerador do negócio. A companhia elevou a meta de expansão das redes e avalia, inclusive, aquisições de concorrentes nessa jornada.

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Quem revela a novidade é o sócio do BTG Pactual, Amos Genish, anunciado na segunda-feira (13) como presidente executivo da V.tal. Genish é um grande conhecedor do mercado de telecomunicações. Ele fundou a GVT, empresa de banda larga adquirida em 2014 pela Telefônica Brasil, companhia que presidiu até 2016. Já de 2017 a 2018, assumiu o comando da Telecom Italia, controladora da TIM Brasil. De volta ao País, foi para o BTG e assumiu a presidência do conselho de administração da V.tal em 2021.

Em entrevista ao Broadcast, Genish contou que a meta de cobertura da V.tal subiu de 32 milhões para 34 milhões de casas até 2025 em virtude da demanda maior que o previsto por esse tipo de infraestrutura. Na prática, a meta representa mais do que dobrar o tamanho da rede, que hoje alcança 16 milhões de endereços.

O modelo de negócio da V.tal consiste no compartilhamento da sua rede para os provedores de internet que, por sua vez, prestam o serviço de venda, instalação e manutenção da banda larga para os consumidores finais. Por isso, a rede da V.tal é chamada de neutra. Esse modelo tem sido adotado em vários países, pois livra as operadoras dos investimentos pesados na construção das redes.

Oi é acionista minoritária e maior cliente da empresa

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A V.tal foi criada a partir da separação dos ativos de fibra ótica da Oi, que vendeu o controle da empresa para fundos controlados pelo BTG Pactual e para a Globenet por R$ 12,9 bilhões, em transação concluída semana passada. Nesse processo, a V.tal herdou 400 mil quilômetros de redes. A Oi segue como acionista minoritária e maior cliente da companhia (o contrato de fornecimento de redes tem duração de 20 anos).

Questionado se vê riscos excessivos em ter como principal cliente uma empresa em recuperação judicial e muito endividada como a Oi, Genish negou. "Não estamos preocupados de jeito nenhum com o cenário financeiro da Oi", afirmou. "Na nossa visão, o balanço da Oi melhorou muito depois das últimas transações para vendas de ativos".

Além disso, é esperada uma diluição desse risco nos próximos cinco anos graças à atração de outros clientes de peso. A V.tal já atende 32 operadoras e deve fechar contrato com mais 10 ainda neste mês de junho. "Esperamos fechar com outras centenas até o ano que vem", ressaltou.

A demanda vem principalmente de provedores regionais de pequeno e médio portes, mas há expectativa de conquistar empresas maiores em breve. Genish observou que a demanda por redes neutras é crescente também por novos entrantes no mercado. Um exemplo é a Obvious Fibra, startup do Espírito Santo que lançou em abril planos de internet totalmente suportados pela infraestrutura da V.tal.

Outro mercado a ser desbravado é o de empresas de segmentos diferentes(como varejistas, seguradoras e bancos, por exemplo) que tenham interesse em oferecer planos de banda larga para cativar e fidelizar seus clientes - assim como já acontece na telefonia móvel. A V.tal já está conversando com interessados com esse perfil, segundo o executivo.

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Diante da oferta de ativos à venda, empresa vai analisar oportunidades

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Genish disse que o plano de expansão das redes foi pensado, originalmente, para ocorrer por meio da construção das próprias redes. Entretanto, admitiu que há ativos à venda no mercado e que a direção da V.tal vai analisar a conveniência de realizar aquisições.

Questionado, Genish não citou nomes dos ativos. Mas conforme revelou a Coluna do Broadcast no início de maio, a Alloha (antiga EB Fibra) colocou à venda a sua rede de fibra ótica, um negócio que poderia chegar a R$ 8 bilhões. Os candidatos naturais à compra (perto porte da transação e sinergia com o negócio) são a V.tal, a Fibrasil (da Telefônica e CPDQ) e a I-Systems (da TIM e IHS).

"Neste momento nosso plano é orgânico, mas vamos avaliar oportunidades não orgânicas. de crescimento visando um crescimento mais eficiente e de menor custo. Não podemos ser lentos se quisermos chegar a 34 milhões de casas passadas até 2025", disse.

"Não temos interesse em comprar negócio com cliente (consumidor final), pois somos uma rede neutra. Se o negócio à venda for uma rede neutra, sem sobreposição com nossa rede e com preço justo, vamos avaliar", complementou.

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Abertura de capital ainda não tem data definida

O plano de investimentos da V.tal para chegar a 34 milhões de casas passadas até 2025 vai consumir R$ 30 bilhões em investimentos no período, que serão realizados em um ritmo de aproximadamente R$ 6 bilhões por ano, segundo Genish. Os recursos serão uma combinação de financiamentos e fluxo de caixa gerado pela própria empresa.

Para complementar está prevista uma abertura de capital em Bolsa, algo que ainda não tem data certa para acontecer. Possivelmente ficará para 'o meio do caminho' daqui até 2025, sinalizou Genish. "Vamos avaliar cenário do mercado, recursos necessários e custo de capital".

O presidente da Oi, Rodrigo Abreu, já disse que a companhia pode se desfazer da sua posição na V.tal para levantar recursos. Segundo Genish, isso não impactará o plano estratégico da empresa.

"A Oi não tem participação na gestão hoje. Ela é um parceiro passivo. Se a Oi vender a fatia na V.tal, não terá impacto no negócio. Não falta apetite nosso e até de outros parceiros para aumentar participação".

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 13/06/22, às 16h09

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