A primeira oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) no Brasil com grandes chances de acontecer, em quase um ano, corre risco de ir para a gaveta. Após dois anos de gestação, a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) pode ser suspensa por tempo indefinido, após determinação do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul (TCE). Entre outros questionamentos feitos desde o início do ano, o Tribunal considerou baixo o valor da companhia assinalado na modelagem do IPO - de aproximadamente R$ 3,5 bilhões.
O IPO da Corsan deixaria o Estado com 30% das ações da companhia, semelhante ao que foi feito com a Eletrobras, que agora tem controle pulverizado. O projeto está sendo estruturado pelo BNDES e é uma das maiores apostas do banco para promover o setor de saneamento, que vive um período de grandes investimentos impulsionados pela aprovação do novo marco regulatório.
Oferta poderia levantar cerca de R$ 1,5 bilhão
Após ser interrompido no começo do ano, o IPO foi retomado há poucas semanas. A intenção era fazer a oferta de ações entre fim de julho e começo de agosto, antes que o Hemisfério Norte entre de vez nas férias de verão, em uma operação que poderia levantar ao redor de R$ 1,5 bilhão.
Para pessoas próximas às negociações, o IPO deve ficar engavetado, no mínimo, até a conclusão do processo eleitoral. Uma fonte acredita que as discussões devem ser retomadas apenas no próximo ano. Outra vê chance "acima de 50%" de a operação "morrer" com a decisão do TCE.
O TCE apontou uma série de problemas na modelagem do projeto em janeiro. Os esclarecimentos da empresa e do controlador não convenceram o corpo técnico do órgão, que pediu novos estudos. Na quinta-feira, 7, o tribunal decidiu que as correções devem ser incorporadas no preço mínimo admitido para a venda das ações. Há ainda pressão por parte dos municípios que têm contratos firmados com a Corsan.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 08/07/22, às 16h46
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