Em seu primeiro ano de funcionamento, a conta bancária digital oferecida pela Uber aos motoristas, a Uber Conta, ultrapassou 420 mil usuários. Parceria do aplicativo de mobilidade com o Digio, banco digital do Bradesco, a conta registrou 291 milhões de repasses de ganhos com corridas para os motoristas.
Por meio da conta digital, a Uber envia o dinheiro aos motoristas segundos após a corrida ou a entrega, enquanto no modelo "tradicional" os repasses são semanais, o que por vezes deixa o motorista sem dinheiro para abastecer, por exemplo.
A funcionalidade ajuda a aumentar o engajamento com o aplicativo: está atrelada ao Uber Pro, programa de fidelidade da Uber para os motoristas, e permite pagar contas e receber ou fazer transferências. Não há taxas de manutenção, e os condutores têm acesso a cartões com a bandeira Elo.
"Está acima do que a gente esperava em termos de quantidade de contas abertas e volume de transações", diz Eid Tayar, superintendente executivo de novos negócios do Digio, que usa como exemplo a movimentação de R$ 104 milhões no primeiro ano para o pagamento de boletos e contas. "Isso nos mostra que a Uber Conta passa a fazer parte da vida dos motoristas."
Para o Digio, a parceria traz novas possibilidades de busca por clientes, em um segmento disputado. "Ela se torna um canal de originação de clientes e de distribuição do portfólio de produtos Digio."
Podem abrir a conta digital os motoristas da Uber que tenham concluído ao menos 100 viagens ou entregas, tenham contas ativas há pelo menos 28 dias e não tenham retenções legais. A conta oferece cashback em compras em diferentes estabelecimentos e desconto em combustíveis na rede de postos Ipiranga.
Com a maior integração ao Bradesco, que se tornou seu único controlador neste ano, o Digio espera aumentar a oferta de produtos e serviços. Na semana passada, entrou no mercado de seguros, em parceria com a seguradora do Bradesco, a Aon e a Odontoprev. Segundo Tayar, os novos produtos podem futuramente chegar à Uber Conta.
Dinheiro digital
As plataformas digitais de corridas viveram ao menos um choque cultural ao desembarcarem no Brasil na década passada, enquanto as fintechs ainda engatinhavam e o Pix soava como ficção científica. Em um exemplo, a chinesa Didi, dona da 99, decidiu trazer ao Brasil um cartão virtual para que os motoristas recebessem o dinheiro das corridas, após constatar que muitos deles não tinham conta em banco.
A própria Uber passou a aceitar dinheiro vivo no pagamento das corridas no Brasil, o que ajudou a conquistar clientes desbancarizados, mas também trouxe riscos à segurança de passageiros e motoristas. Aliada ao Pix, porém, a conta digital tem ajudado a amenizar o problema.
"Vemos crescendo muito a entrada de dinheiro (nas contas) com pagamento via Pix. Não imaginávamos que isso iria acontecer", disse Tayar. O Pix é liberado para todos os clientes da Uber Conta. É possível, ainda, fazer transferências para outros bancos.