O movimento do suíço não é isolado. A pandemia do novo coronavírus, que exige mais tecnologia e produtos de investimento diferenciados, esquentou a disputa na indústria de investimentos, provocando aquisições e até troca de farpas, como a vista entre a XP e seu maior sócio, o Itaú Unibanco. Olhando para essa indústria desde o ano passado, o Credit acelerou as conversas com o Modalmais, com o qual não vê sobreposição de negócios, mas complementaridade.
"Estamos em uma intersecção", diz o presidente da instituição suíça no Brasil, José Olympio Pereira, em conversa com o Broadcast. "Nossos competidores no Brasil ou são bancos nacionais muito fortes, ou são bancos estrangeiros que não têm o aspecto do private banking forte ou são instituições financeiras que não têm um private ou não têm o aspecto global tão grandes. Somos únicos", acrescenta.
Na avaliação de José Olympio, o mercado está evoluindo e o interessante é que, independente de onde cada um entra, capacidades estão sendo agregadas. O CEO da divisão internacional de gestão de fortunas do Credit, Marco Abrahão, complementa: "a parceria tem muita sinergia e não há sombreamento".
O Credit Suisse, nascido em 1856 na Suíça e há 60 anos no Brasil, administra R$ 230 bilhões de recursos de brasileiros no segmento private, com capacidade mínima de investimento de R$ 5 milhões. Globalmente, o banco carrega uma carteira de US$ 1,4 trilhão. Com o acordo, terá acesso a clientes do Modalmais, que variam de uma aplicação mínima de R$ 30, no caso de títulos públicos, e de R$ 100 em fundos, mas que superam os R$ 50 milhões em um fundo exclusivo. Sob sua custódia, o Modalmais tem R$ 10 bilhões.
Para chegar aos investidores que estão abaixo do teto das fortunas que administra e marcar presença junto a mais clientes, o Credit colocará na plataforma do Modalmais fundos customizados com estratégias internacionais e alternativas, e acesso à sua curadoria de investimentos. Mas o movimento pode evoluir ao varejo com a entrega de fundos espelho e produtos como certificados de operações estruturadas (COE).
"O Credit Suisse vê o juro baixo chegando agora no Brasil, mas dado que somos um banco global, isso nos ajuda a entender a percepção do investidor, que, no cenário internacional, lida com esta situação há bastante tempo", observa Abrahão.
Na própria casa, onde alguns investidores já são bastante sofisticados, o Credit enxerga uma escalada na busca por diversificação. "Temos assistido demanda, por nossos clientes, de produtos globais e internacionais que não faziam sentido, mas dado o ciclo de juro baixo, despertam interesse", observa o responsável pela área de transações táticas e operações estruturadas do banco, Marcello Chilov.
Abraão destaca ainda que o Credit foi surpreendido neste ano com o volume de captações, que atingiu um montante recorde. O executivo não deu números, mas lembrou que essa é uma evidência de como o juro baixo está mexendo com o ímpeto dos investimentos e, nesse sentido, justifica também a decisão de selar rapidamente a parceria com o Modalmais.
O CEO do Modalmais, Cristiano Ayres, por sua vez, entende que a parceria dá um selo à plataforma, que, segundo ele, já caminha ombro a ombro com as maiores entre os clientes pessoa física. "Estamos próximos de atingir o ápice para democratizar o acesso ao investimento", diz.
Esta matéria foi publicada no Broadcast no dia 29/06 às 10h29
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