PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

Credores da Samarco ouvem proposta da CSN em NY - e deixam a porta aberta

Por Irany Tereza
Atualização:

Apesar de ter ingressado no modo hibernação, o interesse da CSN pela Samarco se mantém, mesmo após os controladores Vale e BHP terem comunicado no fim de julho que a mineradora, em recuperação judicial, não está à venda. Dias antes da protocolar primeira audiência de mediação judicial com a Samarco, na semana passada, seus principais credores financeiros reuniram-se informalmente em Nova York com assessores da CSN para conhecer as bases da proposta. Saíram do encontro insatisfeitos, mas tampouco fecharam a porta. Ficou claro que para a CSN entrar de fato na briga pela Samarco será necessário encontrar soluções jurídicas e fazer muita conta para agradar o rol de credores formado basicamente por distressed funds (ou fundos abutres, como são mais conhecidos).

PUBLICIDADE

Da dívida de R$ 50,5 bilhões registrada no processo de recuperação judicial da Samarco, em 2021, quase metade está em poder desses credores financeiros. A maioria entrou no negócio depois de 2015, quando ocorreu o rompimento da barragem de Mariana. Ingressaram aos poucos, ao apostar que teriam lucro com a compra do direito de cobrança dos débitos.

O preço médio pago no início do processo de aquisição chegou a girar entre 15% e 30% do valor de face dos títulos, desconto altíssimo aceito por credores originais interessados em desembarcar logo da canoa furada em que se transformara a joint venture de Vale e BHP.

Esses números serviram de base para o esboço de uma proposta pela CSN, calculando uma taxa interna de retorno que poderia chegar a 30% no prazo de três anos. Mas, o processo é muito complexo. Há fundos que obtiveram os títulos com descontos menores e a conta vai ficando mais difícil.

CSN quer driblar posição de Vale e BHP

Publicidade

Sem contar as incertezas de uma negociação sem o aval dos acionistas e que não é reconhecida judicialmente. Nos bastidores, fala-se que a ideia da CSN é atrair os credores para uma estratégia que drible a posição de Vale e BHP. Poderia ser, por exemplo, a apresentação de uma nova proposta formal no processo de recuperação que inclua a entrada de um operador estratégico como a CSN.

Samarco e Vale têm batido na tecla de que os fundos que se apoderaram da dívida não têm qualquer interesse no negócio nem na economia brasileira. Querem apenas uma solução para lucrar e sair correndo do País. A entrada de um operador estratégico poderia dificultar essa defesa.

Para a CSN, sem dúvida é importante ter a Samarco. Não há outro ativo de mineração desse porte à disposição no Brasil. Em conferência com analistas, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, desenhou um crescimento agressivo para a empresa nos próximos três anos.

Chegou a falar em dobrar de tamanho, sem abrir mão da alavancagem baixa. Talvez não seja possível, no caso de concretização de um negócio desse porte. O resultado será a penalização das ações da CSN, ao menos no curto prazo.

Procurada, a Samarco respondeu por meio de nota que "teve início no dia 1º de agosto o processo de mediação no âmbito de sua recuperação judicial, que tem como objetivo principal alcançar um entendimento a respeito da reestruturação da dívida da companhia. O procedimento é confidencial e seguirá os termos acordados entre as partes." Vale, CSN e BHP não comentaram.

Publicidade

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 10/08/2022, às 12:23.O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse. 

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.