EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

De olho em reestruturação, Casino pode fatiar venda do Pão de Açúcar

PUBLICIDADE

Foto do author Cynthia Decloedt
Foto do author Talita Nascimento
Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Talita Nascimento
Atualização:
Pão de Açúcar: dificuldade para elevar rentabilidade  Foto: Sérgio Castro/Estadão

Conhecido por acessar o mercado financeiro com operações que fogem das tradicionais, o Grupo Casino estuda agora a venda de participações em seus negócios. O objetivo é avançar na reestruturação das operações no Brasil, o que incluiria a bandeira Pão de Açúcar. O movimento vem sendo feito desde 2020, com vendas e separação de ativos, tanto para reduzir o endividamento quanto para aproveitar melhor os recursos. Agora, uma estratégia na mesa é a venda de fatias de seus negócios.

PUBLICIDADE

Em 2020, o Casino tornou a operação do Assaí independente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), mas manteve ambos sob seu controle. Listados na B3 de forma independente, passaram a valer mais separados do que juntos. O passo seguinte foi injetar dinheiro no caixa do GPA, com a venda dos pontos comerciais do Extra Hiper para o Assaí.

Ação do GPA sobe após rumor sobre interesse de Abilio Diniz

Com o Mercado Extra, o Grupo Éxito e o Pão de Açúcar disponíveis para entrar nesse rearranjo, surgiram rumores de que o empresário Abilio Diniz, que transformou a bandeira de supermercados numa potência quando era seu controlador, estaria em conversas para ficar com uma fatia da rede.

Hoje, Diniz é investidor do concorrente Carrefour. Uma das áreas da Península Participações, que administra seus recursos, tem como prioridade investir em empresas nos setores de educação, consumo e varejo. Como costuma olhar ativos nessas áreas - e as domina e tem o caixa recheado e -, as ações do GPA chegaram a subir mais de 10%, desde que os comentários começaram.

Publicidade

De todo modo, as conversas para vendas se estendem a quase todos os negócios e participações do GPA, desde que a galinha dos ovos de ouro, o Assaí, foi preservada.

O Grupo Éxito, que está presente em Colômbia, Argentina e Uruguai, já teria sido alvo de propostas de aquisição por partes do negócio, como já noticiado pela Coluna. O GPA chegou, inclusive, a admitir posteriormente ter tido propostas por ativos maduros da companhia, sem citar operações específicas do Éxito.

Na última teleconferência, o diretor financeiro da companhia, Guillaume Gras afirmou que podem acontecer novidades nessa frente. "Há possibilidade de movimentos futuros na participação do Éxito, mas nada a compartilhar agora", disse.

Participação na francesa Cnova pode ser negociada

Outra fatia da companhia disponível para ser negociada é a participação do GPA na empresa de e-commerce francesa Cnova. Segundo Gras, ela deve ser vendida assim que o mercado estiver propício à transação. Até o próprio James, aplicativo de entregas do GPA, já foi classificado pelo ex-CEO Jorge Faiçal como parte importante da estratégia, mas não mais entre as centrais. "Não há decisão sobre a venda do James porque ele tem uma base importante de consumidores fiéis, cujo custo de aquisição foi alto, e não queremos ter o risco de perdê-la", diz. Como quase tudo dentro do GPA, a permanência e ou a venda não é certa, tudo depende do preço.

Publicidade

O grande problema que o Casino tem neste momento no Brasil é encontrar compradores com bala na agulha para adquirir seus ativos em transações que envolvam somente pagamento em dinheiro. O Casino planejava vender 4,5 bilhões de euros em ativos e em julho, já havia conseguido embolsar 3 bilhões de euros. Naquele mês, após renegociações, o valor das linhas de crédito do Grupo Casino efetivamente disponíveis chegava a 2,2 bilhões de euros com um vencimento médio de 4,6 anos, mais do que o dobro dos 2,2 anos anteriores a essa repactuação.

PUBLICIDADE

O acordo melhorou a situação da companhia, que corria o risco de ter de vender ativos em um espaço mais curto de tempo para cumprir com seus covenants (compromissos assumidos ao contrair dívidas) e ajudar a Rallye, holding que pediu salvaguarda na França no início de 2020.

Ao mesmo tempo que faltam compradores capitalizados, muitos dos grandes concorrentes desse mercado, como o Carrefour, estão neste momento envolvidos em outras transações, que enfrentam um forte escrutínio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O mercado já está bastante concentrado, portanto, a opção de desinvestimento por meio da venda de uma participação seria mais fácil, tanto do ponto de vista financeiro, quanto de aprovação pelas autoridades reguladoras.

Procurados, o Casino e o GPA disseram que não comentariam. A Península afirmou que não comenta "rumores de mercado".

 

Publicidade

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 04/05/22, às 15h29.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.