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Bastidores do mundo dos negócios

Dona do Outback investe R$ 75 milhões no Brasil, maior operação internacional da rede

Bloomin' Brands, dona dos restaurantes Outback e Abraccio, vai abrir novas lojas no Brasil. Foto: Taba Benedicto/Estadão

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Foto do author Talita Nascimento
Por Circe Bonatelli (Broadcast) e Talita Nascimento
Atualização:

A rede de restaurantes americana Bloomin' Brands está investindo R$ 75 milhões na inauguração de 17 unidades no Brasil neste ano. Desse total, 16 serão da marca Outback Steakhouse e 1 da Abbraccio (comida italiana).

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O Brasil é o principal mercado do grupo depois do seu país de origem, respondendo por 90% do faturamento das operações internacionais. Mais do que isso: a velocidade do crescimento das vendas dos restaurantes brasileiros superou boa parte das unidades americanas nos primeiros meses do ano, justificando novos investimentos por aqui. Nos Estados Unidos, a companhia também opera as marcas Carrabba's Italian, Bonefish e Fleming's Prime.

A Bloomin' Brands teve receita global de US$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre de 2022, avanço de 14,7% em relação ao mesmo período de 2021. Desse total, US$ 104 milhões vieram das operações internacionais, que tiveram avanço de 26% - portanto, acima da média no país de origem. Vale lembrar, porém, que havia o impacto da pandemia nos primeiros meses de 2021 - com restrições ao comércio mais intensas por aqui nesse período.

 

Brasil tem 146 unidades da rede

Por aqui, as próximas inaugurações serão nas cidades de Belo Horizonte, Recife, Limeira (SP) e Contagem (MG). As últimas foram em Brasília, São Paulo e Campinas (SP), entre outras. A maioria das aberturas serão em shoppings, mas também há unidades de rua. Até este mês, o grupo já havia atingido a marca de 134 unidades já abertas do Outback e outras 12 do Abbraccio.

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A Bloomin' Brands não trabalha no modelo de franquias. Ela é, de fato, a dona de cada um dos restaurantes. E a expansão será totalmente sustentada pela geração de caixa do negócio, sem tomada de dívida para crescer.

Há, porém, uma particularidade no modelo, que é a figura do sócio minoritário e operador das lojas. A empresa prospecta funcionários experientes das suas lojas interessados em fazer um aporte numa nova unidade e assumir a condução no dia a dia. Podem ser garçons, cozinheiros ou lavadores de pratos, qualquer um. Desde que tenha pelo menos uns cinco anos de casa e veia empreendedora.

Delivery

Além dos 17 restaurantes físicos, a Bloomin' Brands vai dar largada até o fim do ano a oito novas operações do primo caçula da rede, a Aussie Grill, baseada em proteína de frango. A marca funciona exclusivamente via delivery, com a comida preparada nas cozinhas dos restaurantes Outback. A primeira operação da Aussie Grill chegou ao País em setembro de 2020.

Como herança da pandemia, a rede tem hoje uma participação muito maior de entregas em domicílio nas vendas no Brasil. Antes da disseminação mundial do coronavírus, que fechou restaurantes e fez os consumidores ficarem em casa, o delivery representava cerca de 3% das vendas. Hoje, com 100 mil entregas por semana, a operação brasileira já tem de 20% a 25% das vendas sendo entregues na casa dos clientes.

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Para isso, foram necessárias adaptações. A famosa Bloomin' Onion, cebola gigante frita, por exemplo, ainda não faz parte do cardápio de entregas. Isso porque a companhia ainda não encontrou uma maneira viável de fazê-la chegar crocante para os clientes. A rede optou por uma versão simplificada do prato, com pétalas de cebola empanadas, para entregar uma experiência melhor nos domicílios.

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As entregas também mostraram uma nova oportunidade para a empresa. Com menos lojas espalhadas pelo País, a marca Abbraccio teria dificuldade para atender os clientes em casa. A solução encontrada foi aproveitar as cozinhas dos estabelecimentos do Outback para preparar refeições da marca italiana irmã. Hoje, 38 operações de delivery de Abraccio funcionam a partir de "dark kitchens" (cozinhas secretas) em uma loja da marca australiana.

Planos de aplicativo próprio

O delivery da Bloomin Brands no Brasil é feito pelo Ifood, por meio de um contrato sobre o qual a empresa não dá detalhes sobre possíveis cláusulas de exclusividade ou taxas acordadas. Os planos da empresa, porém, envolvem a criação de um aplicativo próprio, que possa ser acessado por quem vai aos restaurantes e por quem quer pedir comida em casa. Assim, a companhia deve ter acesso a mais informações sobre os clientes, o que costuma ser usado, entre outros objetivos, para organizar um sistema de ofertas mais eficiente e direcionado. Além disso, permite que a rede acesse o cliente de forma mais barata. Em vez de comprar anúncios em redes sociais, passa a ser possível enviar uma notificação ao cliente por meio do app. Tudo isso, claro, depende da anuência do usuário, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados.

Inflação pressiona margem

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Mas não são só flores. O presidente da operação brasileira, Pierre Berenstein, disse que a empresa tomou uma série de medidas para buscar absorver os impactos da inflação dos últimos dois anos no negócio. Segundo o executivo, os reajustes nos cardápios foram feitos abaixo da variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 11,89% nos últimos 12 meses. Para reduzir o impacto, a rede investiu ao longo do ano em eficiência energética e reuso de água. Além disso, procurou contratos melhores com parte dos fornecedores que não são responsáveis por produtos essenciais para a companhia, como as cebolas.

Ainda assim, Berenstein admite: "a margem de todo mundo caiu". Sem dar detalhes das variações mais recentes, ele comenta que foi um fenômeno sentido nos negócios de varejo como um todo. Segundo os dados mais recentes da companhia, do primeiro trimestre de 2022, a margem Ebitda (operacional) da área internacional foi de 8,5%, ante 4,3% registrado um ano antes. Apesar da clara melhora anual, o indicador está abaixo do registrado no pré-pandemia, de 12,1%.

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