A gestora de recursos EB Capital, que tem Pedro Parente como um dos sócios, contratou a assessoria financeira Lazard para achar um comprador para a Alloha, holding proprietária de vários provedores regionais de banda larga, conforme apurou a Coluna com fontes de mercado.
A Alloha se tornou uma as líderes de mercado de banda larga por fibra ótica no Brasil a partir de uma série de aquisições. Nos últimos três anos comprou os provedores Sumicity, Mob Telecom, Vip Telecom, Wirelink, Univox, Click Telecom, Ligue Telecom e Niu Fibra. Hoje, o grupo tem 1,4 milhão de clientes (dados de maio) em 260 cidades nas regiões Sudeste, Nordeste, Sul e Centro-Oeste.
O ativo mais valioso talvez seja a sua rede de fibra ótica de 110 mil km, com cobertura em 6 milhões de endereços (as chamadas 'casas passadas', no jargão do mercado). Instalar rede custa caro. Quem chega primeiro tende a conquistar os clientes da região, impondo uma barreira de entrada a futuro competidores. É justamente a rede que foi colocada à venda.
A EB Capital vai segregar a Alloha em duas empresas: uma ficará com a infraestrutura das redes (Infraco) e passará a alugar a fibra para os provedores. A outra empresa vai atuar na prestação do serviço de banda larga para o consumidor final (Clientco). Esse é o mesmo modelo de atuação adotado por Oi, TIM e Telefônica, entre outras teles ao redor do mundo. Elas também separaram as operações e criaram subsidiárias com parceiros para lidar exclusivamente com a parte de infraestrutura.
Esse movimento dá um alívio para as operadoras, uma vez que a implantação e manutenção das redes consome bilhões em investimentos. Ao separar as operações, as teles podem se concentrar na oferta da internet e no atendimento aos consumidores em um mercado cada vez mais competitivo.
Empresa avaliou negócio em até R$ 10 bilhões
A Coluna apurou que a EB Capital vem conversando com potenciais investidores há alguns meses, mas o processo de venda foi oficialmente aberto pela Lazard em abril. No momento, há cerca de 10 a 12 acordos de confidencialidade já assinados com interessados. Entram aí operadores de infraestrutura que já estão no Brasil e outros que pretendem abocanhar uma fatia desse mercado. As grandes empresas de redes de fibra ótica são candidatas naturais a participar das negociações. São elas: a Fibrasil (da Telefônica e do fundo canadense CPQD), a V.tal (Oi e BTG Pactual) e a I-Systems (TIM e IHS).
O processo está na etapa inicial e ainda não há uma proposta firme na mesa. As propostas devem começar a chegar só a partir do próximo mês. Em sondagens informais, a EB Capital teria avaliado o seu negócio na ordem de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. Esse número, porém, é visto com ceticismo por outros agentes de mercado, que especulam se tratar de metade disso.
A título de comparação, a Oi vendeu 57,9% na sua Infraco (mais tarde rebatizada de V.tal) por R$ 12,9 bilhões para o BTG Pactual. E a empresa era bem maior na largada: tinha uma rede de 400 mil quilômetros, passando por 2,3 mil cidades e 10,5 milhões de casas passadas com fibra.
Procuradas, Alloha, EB Capital e Lazard não se manifestaram. V.tal e I-Systems declinaram de comentar. A FiBrasil afirmou que "está sempre atenta às oportunidades de mercado" e ressaltou que "neste momento, não há nenhuma negociação avançada para aquisição de outra empresa".
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 04/05/22, às 21h13.
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