As fabricantes Embraer e Boeing, que planejam unir suas operações de aviões comerciais, acusam a rival europeia Airbus de contradição em seus argumentos às autoridades antitruste no Brasil para evitar que a união entre as duas companhias aconteça.
Leia mais: Cargueiro militar da Embraer agora se chama Millenium
As duas empresas dizem que a Airbus mudou seu entendimento diante do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quando defendeu a aquisição que fez em 2018 da canadense Bombardier. "Hoje, no entanto, a Airbus se contradiz em um nítido esforço de proteger e incrementar a sua atual posição dominante no mercado", alegam a Embraer e a Boeing, em requerimento entregue ao Cade nesta semana e obtido pelo Estadão/Broadcast.
Na visão delas, a Airbus, depois de ter comprado uma participação no programa C Series da Bombardier, tem poder de ameaçar o mercado das duas companhias com um portfólio mais completo, tanto no segmento de aviões menores como maiores. A empresa europeia produz os modelos A220 que competem com os jatos da Embraer.
Saiba mais: Embraer: esperamos 'solução positiva' da Comissão Europeia sobre acordo com a Boeing
Estimativas da Airbus são de que as vendas de aviões neste segmento, de 100 a 150 assentos, movimentem cerca de 7 mil unidades nos próximos 20 anos.
Segundo a Embraer e Boeing, as companhias de aviação - Latam, Gol, Azul e Passaredo - já se manifestaram favoravelmente pela operação junto ao Cade. "Esses clientes concordam que a Boeing e a Embraer não são concorrentes relevantes porque seus produtos se diferem em muitos aspectos fundamentais, tais como assentos, classe de assentos, alcance, família de aeronaves, preço e entre outros", dizem.
Leia ainda: Aviação no País dobrará em 20 anos, diz Airbus
Além do Cade, a operação está sendo analisada pela Comissão Europeia. A joint venture entre Embraer e Boeing controlada pela empresa norte-americana já teve aval dos órgãos antitrute nos Estados Unidos, China, Japão, entre outros.
Procurada, a Airbus disse que "sempre apoia a competição forte e saudável" no mercado de aviação e afirmou que a decisão de comprar a fatia majoritária no programa C Series da Bombardier beneficiou seus clientes. A Embraer e Boeing não comentaram o documento específico, mas disseram que aguardam uma solução positiva da transação pelas autoridades regulatórias.
Notícia publicada no Broadcast dia 11/12/2019, às 18:59:08
Contato: coluna.broadcast@estadao.com Siga a @colunadobroadcast no Twitter