A emissão externa de títulos de dívida (bonds) feita pela Oi nesta terça-feira coloca a operadora em uma nova corrida. Provavelmente, os recursos para o pagamento da dívida de US$ 880 milhões, contraída por meio dessa emissão, virão da venda da operação móvel. Os bonds vencem em cinco anos, mas podem ser liquidados em três anos se a empresa desejar.
Protagonista da maior recuperação judicial da América Latina em 2016, com uma grande disputa concentrada justamente com credores externos, a Oi atraiu demanda expressiva, de US$ 3 bilhões, para a nova captação. O excesso de recursos no mercado e o retorno considerado bastante atraente, de 8,75%, justificam o sucesso.
No entanto, já existem apostas de que, se depender do fluxo de caixa, a Oi pode não ter dinheiro suficiente para honrar a nova dívida até o final. A visão é de que a Oi precisa de muito capital para dar conta de sua operação e ainda enfrenta competição acirrada, inclusive de provedores regionais, como Brisanet, Unifique e Desktop, que têm operações mais leves e chegarão em breve à Bolsa, em busca de recursos para expansão.
A Oi deu como garantia para os investidores dos bonds o direito de uso do espectro das frequências do sinal de telefonia móvel, caso a companhia não cumpra com os compromissos financeiros do título. Esse é um dos ativos considerados mais relevantes para as operadoras. Além disso, se comprometeu a colocar em conta reserva mais de R$ 600 milhões ao mês para honrar dívidas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e mais R$ 200 milhões para os bonds.
De toda a forma, a dívida que está sendo tomada agora é mais barata do que a que está pagando com os recursos captados nessa operação. A Oi vai liquidar um empréstimo Debtor in Possession (DIP) tomado da Farallon Capital, que tinha as ações da Oi Móvel dadas em garantia. Procurada, a Oi não comentou.
Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 27/07/2021, às 19h02.
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