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Bastidores do mundo dos negócios

Empresas buscam saídas para reconquistar confiança do mercado

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Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Talita Nascimento
Atualização:
Enjoei fez oferta de ações na B3 no fim de 2020    Foto: Cauê Diniz/B3

Histórias de crescimento a partir de prejuízo saíram de moda. A opinião é do sócio da Setter, Felipe Camargo, ex-Pátria e que está à frente de uma boutique de fusões e aquisições. "Agora, a tese é a do crescimento com lucro", completa. Para ele, as empresas que foram listadas na bolsa no boom das ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) se dividem em dois grupos: as que veem suas ações caírem, mas seguem gerando receita e resultado; e as que estão queimando caixa para crescer e dar escala aos negócios.

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Esse segundo grupo, que conta com várias small caps, têm pouca opção além de se juntarem com outra empresa, segundo Camargo. Isso porque o dinheiro está caro para a tomada de dívida, o mercado de ações está fechado e os investidores financeiros arredios. "Muitas terão de migrar para uma fusão com uma empresa maior e mais rentável", prevê. O especialista observa que o empresário também tem de ser flexível nas negociações e que, provavelmente, só serão fechadas aquelas aquisições ou fusões que resultem em uma empresa com capacidade de geração de valor no futuro.

O diretor de Finanças Corporativas da Kroll, Alexandre Pierantoni, acrescenta que a queda expressiva das ações na bolsa afeta negativamente as transações de fusões e aquisições. "Com os desequilíbrios nos preços os parâmetros de avaliação por múltiplos ficam desajustados e é preciso olhar para a geração de fluxo de caixa das companhias", acrescenta Pierantoni.

Empresas fazem recompra de ações

Por isso, diz ainda, muitas empresas estão buscando uma estrutura que permita a recapitalização ou fazendo recompra de ações. "Caso contrário, as que têm perdas grandes, vão evaporar na bolsa e, no longo prazo, todo mundo entende que as empresas não vão evaporar de verdade", diz Pierantoni. Os sócios da GetNinjas, por exemplo, estão recomprando ações, porque os papéis estão baratos e acreditam no negócio.

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Outra possibilidade para contornar a situação em que essas empresas se encontram é o diálogo. Em um evento recente do setor de beleza para investidores, a presença da Espaçolaser, não prevista, foi solicitada por fundos de investimento, que queriam ouvir a defesa da tese da companhia.

Para a rodada de conversas, a equipe comandada pelo CEO Paulo Morais focou no que teria motivado a saída do fundo de investimento Squadra: a inadimplência. A companhia estava munida de slides que descreviam o desempenho da carteira de crédito da empresa ao longo dos últimos anos.

No entanto, além da inadimplência, as margens apertadas da Espaçolaser também geraram insatisfação do mercado. A margem bruta da companhia - que mede a rentabilidade do negócio - caiu 6,2 pontos porcentuais, para 44,9% na comparação anual. Além disso, continuam a pairar no mercado dúvidas sobre a capacidade do modelo de negócios gerar recorrência de compras, ou seja, de retorno dos clientes para o fechamento de mais pacotes.

À reportagem, a Espaçolaser afirmou, por meio de nota, que a consolidação da marca fideliza os clientes, pois os procedimentos são de longa duração e que, no mercado brasileiro, apenas 5% dos 69 milhões de pessoas que se depilam usam o laser atualmente. "Seguimos firmes com o plano de expansão, apesar de um cenário macro desafiador", disse a empresa.

Enjoei abriu mão de margem para reforçar vendas

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A Enjoei, que desistiu de adquirir a Gringa para preservar o caixa, também optou por abrir mão de margem para reforçar as vendas, aumentando o número de vendedores. Com mais "lojistas virtuais", a ambição é elevar o contingente de clientes que gastam mais na plataforma ao longo do tempo. A expectativa era que, em 2022, isso resultasse em uma redução gradativa do prejuízo da plataforma, que só piorava. No primeiro trimestre de 2022, o prejuízo de R$ 31,125 milhões já ficou 2% abaixo do registrado um ano antes.

 

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 17/06/22, às 12h42

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