Cynthia Decloedt
29 de dezembro de 2021 | 05h40
Takahashi: vimos um mercado fragmentado em termos de informação sobre o tema Foto: Daniel Teixeira /Estadão
Apesar do barulho em torno do tema da sustentabilidade, grande parte das gestoras de recursos brasileiras engatinha quando o assunto é a análise de investimentos sob a ótica dos compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Pesquisa feita para a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), como parte do trabalho que o Grupo Consultivo de Sustentabilidade, verificou que transparência e ética, que fazem parte do G de governança, foram os mais citados pelos gestores. As menções foram feitas por 92% dos entrevistados. Aspectos relacionados às dimensões ambiental e social, porém, apareceram com frequência muito menor.
“O nível de consciência aumentou, mas à medida que se entra em questões mais específicas, observamos um mercado fragmentado em termos de informação e que precisa compreender em maior profundidade o tema”, diz o vice-presidente e coordenador do Grupo Consultivo de Sustentabilidade, Carlos Takahashi.
Em relação à própria governança, Takahashi afirma que transparência e ética são fatores “holísticos”. Ficam em segundo plano questões específicas de uma boa governança, como a remuneração dos conselhos de administração das empresas e sua independência.
Além de estarem na mira de menos gestores, os aspectos ambiental e social são tratados da mesma maneira holística. No ambiental, aparecem como destaques nas análises, o uso de recursos naturais (76%), tecnologia limpa (71%) e poluição (71%), enquanto a emissão de carbono é abordada por apenas 57%.
A observância aos direitos humanos (73%) é o tema que os gestores apontam como indicador de sustentabilidade social. “Esse é um conceito ainda muito ligado a trabalho escravo, mas quando o assunto é inclusão e diversidade, o porcentual de gestoras analisando tais fatores cai para 54%”, diz.
As informações desse levantamento vão ser incluídas na reedição do Guia de Boas Práticas ESG da Anbima. Paralelamente, a entidade deve reforçar caminhos para educar o mercado. Por exemplo, ESG se tornou uma das matérias das certificações para trabalhar no mercado financeiro. Além disso, o código de administração de recursos de terceiros passará a contar com normas para identificação de fundos ESG, com objetivo de reduzir o chamado greenwashing.
Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 28/12/21, às 11h17.
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