Ao lado de empresas de saúde e tecnologia, as gestoras de recursos viraram alvo de aquisições de fatias minoritárias desde o ano passado. Instituições como XP e BTG Pactual têm sido ágeis nessa estratégia e as casas se posicionado por meio de butiques de fusões e aquisições (M&A) para se mostrarem vendáveis.
As gestoras chegam aos holofotes dessas instituições financeiras, assim como de bancos, em meio a um boom de diversificação dos investimentos puxada queda do juro nos últimos anos. Muitos gestores sofisticados e renomados, que estavam dentro de grandes instituições financeiras, partiram para a carreira solo, criaram suas próprias casas, levando consigo vários ricaços.
"Esse movimento é mundial e acontece há décadas", disse o sócio da IGC Partners, Daniel Milanez, que assessorou a Giant Steps, especializada em fundos quantitativos e com R$ 7 bilhões em ativos sob gestão na venda de fatia minoritária para a XP.
Para ele, a entrada de instituições financeiras nas gestoras como sócias cria uma via dupla de benefícios, na qual a plataforma é beneficiada por produtos acima da média das gestoras. Elas, por sua vez, ganham capacidade de distribuição muito forte. "A lógica é unir forças", diz.
Outra razão pela qual as plataformas e bancos de investimento se aproximam das gestoras é tentar ter acesso a fundos que se vendem sozinhos. Alguns gestores se tornaram reconhecidos entre os investidores mais ricos por estratégias que ganharam relevância em meio à necessidade de geração de retorno com a queda da taxa de juro.
Algumas casas têm um público cativo para seus fundos que atraem demanda suficiente para dispensarem a força de distribuição das grandes plataformas de investimento.
"São gestores talentosos e ícones do mercado e as plataformas querem ter acesso privilegiado a seus fundos", comenta o sócio da boutique de M&A Fortezza Partners, Denis Morante.
Ele afirma que, por outro lado, para as gestoras existe vários benefícios como o acesso a mais clientes e injeção de recursos para que continuem crescendo. "É uma forma de a gestora institucionalizar o negócio dele, que muitas vezes tem um caráter muito pessoal, e a parceria melhora a governança", diz.
Segundo ele, também há um olhar das plataformas para gestores de family offices, citando a WHG, formada por profissionais de longa estrada no Credit Suisse, na qual a XP entrou com uma participação de 49%. Gestores de crédito privado e alternativos, como a Capitania e a Jive também tiveram o ingresso da XP.
Para ilustrar o momento aquecido neste segmento, Morante fala da parceria da SPX, de Rogério Xavier, que transbordou para um fundo de private equity, o Carlyle.
Para Morante, gestoras de real estate devem se tornar um alvo mais recorrente, porque têm crescido de forma relevante. Recentemente, o BTG fincou pé nesse segmento, com a entrada na gestora Canuma, nascida das mãos de um especialista no assunto, Marcelo Vainstein, que deixou a Brookfield.
Para acessar mais bolsos de investidores, com a oferta de estratégias e produtos diferenciados, o BTG adquiriu uma fatia minoritária na gestora norte-americana Kawa, com R$ 10 bilhões sob gestão em março deste ano. Mais recentemente, entrou na Ryo Asset, formada por um time de ex gestores do Opportunity.
Milanez afirma que o movimento tende a continuar, já que o mercado financeiro brasileiro mudou de patamar em termos de popularização de opções de investimento. "Esse é um jogo que não tem mais volta e a sofisticação no perfil de produtos a serem oferecidos ao mercado. Ao final tem ainda a lógica de todos quererem aproveitar esse momento e crescer. Há potencial para crescer", diz.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 16/11/2021 , às 08:01:32.
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